Escrito por: Juan Leon, analista de criptomoeda da Bitwise

Compilado por: Luffy, Foresight News

Recentemente participei da Consensus in Austin, uma das maiores conferências sobre criptomoedas do mundo. O evento com mais de 15.000 pessoas contou com inúmeros especialistas do setor discutindo tópicos que vão desde tokenização e regulamentação até política monetária e ETFs de Bitcoin.

Mas se eu fosse identificar a maior conclusão da conferência, seria esta: a interseção da inteligência artificial (IA) e das criptomoedas será mais promissora do que as pessoas pensam. Até 2030, estas duas indústrias poderão contribuir com 20 biliões de dólares para o PIB global.

Isso não acontecerá da noite para o dia, mas já estamos vendo os primeiros vislumbres do seu enorme potencial.

Mineração de Bitcoin e Inteligência Artificial: Uma Parceria Emergente

Você sem dúvida já ouviu falar da recente mania da IA, que elevou o valor de mercado da Nvidia (a maior fabricante mundial de chips de IA) para mais de US$ 3 trilhões. Isso faz da fabricante de chips a segunda maior empresa de capital aberto do mundo. Mas o que é menos conhecido é o impacto que o boom da IA ​​está tendo nos data centers, que armazenam as quantidades cada vez maiores de informações que impulsionam a IA.

O problema é o seguinte: a batalha pela supremacia da IA ​​levou a uma escassez sem precedentes de data centers, chips de IA e fontes de alimentação. Espera-se que as quatro maiores empresas de computação em nuvem do mundo (Amazon, Google, Meta, Microsoft) gastem quase 200 mil milhões de dólares na construção de centros de dados em 2025, principalmente para satisfazer a crescente procura de inteligência artificial. Mas as novas instalações são escassas: um relatório de Março da empresa imobiliária comercial CBRE Group mostrou que cerca de 83% da capacidade dos centros de dados em construção foi arrendada antecipadamente, sendo as empresas de inteligência artificial e os prestadores de serviços em nuvem as principais fontes de procura. Os data centers simplesmente não conseguem acompanhar o boom da IA.

É aqui que entram os mineradores de Bitcoin.

O único propósito dos mineradores de Bitcoin é processar e armazenar grandes quantidades de dados. Por outras palavras, têm os recursos de que as empresas de IA necessitam desesperadamente: chips potentes, sistemas de refrigeração de última geração e infraestruturas de apoio.​

Na semana passada, o provedor de nuvem de inteligência artificial CoreWeave ofereceu adquirir a mineradora de Bitcoin Core Scientific por US$ 1,6 bilhão, 55% acima de seu preço de mercado (a Core Scientific posteriormente rejeitou a oferta). Isso ocorre logo após o anúncio desta semana de sua parceria mineradora-IA mais significativa até o momento: um acordo de US$ 3,5 bilhões que fará com que a Core Scientific hospede a inteligência artificial da CoreWeave em seus data centers pelos próximos 12 anos de Serviços Relacionados.

A Core Scientific não é a única empresa a fazer isso, com a Hut 8, a Iris Energy e outras empresas de mineração também anunciando planos semelhantes de hospedagem de IA nos últimos meses.

É claro que isto é um bom presságio para os mineiros, cujas operações podem beneficiar de novos fluxos de receitas e de uma base de clientes ativa. Mas também fornece suporte crítico para o ecossistema Bitcoin mais amplo, que depende desses mineradores para processar transações e proteger a rede.​

Além da mineração de Bitcoin: oportunidades de longo prazo para inteligência artificial e criptomoeda

No longo prazo, as criptomoedas e a inteligência artificial podem se cruzar em outras áreas que valem a pena observar.

O primeiro é a verificação de informações. Embora programas como o ChatGPT tenham explodido – o aplicativo atraiu cerca de 100 milhões de usuários ativos mensais em apenas dois meses – eles também geraram polêmica e levantaram novas questões. Quem controla o conteúdo gerado por IA? Quão transparentes devem ser? Até que ponto a inteligência artificial reflete ou reforça preconceitos? Com as “deep fakes” tão predominantes, como os usuários podem verificar a autenticidade da mídia? (Sobre este último ponto, o Fórum Económico Mundial afirmou recentemente que uma “onda de desinformação” causada pela inteligência artificial é o maior risco direto para a economia global.)

Então, o que tudo isso tem a ver com criptomoedas? Lembre-se de que o blockchain público que sustenta as criptomoedas está disponível para qualquer pessoa e não é controlado por uma entidade centralizada. Os empreendedores criativos procuram formas de aproveitar a tecnologia para combater o potencial uso indevido da inteligência artificial.

Caso em questão: escrevemos em março sobre a Attestiv, uma startup que cria “impressões digitais” digitais de vídeos com base em seus metadados (como quando e onde foram gravados). Em seguida, armazena essa impressão digital na blockchain pública. Se um vídeo tiver sido adulterado, qualquer plataforma na qual o vídeo seja visualizado poderá compará-lo com a impressão digital original e informar ao espectador que o vídeo foi adulterado. Em teoria, poderíamos ver o potencial de métodos de verificação semelhantes para serem usados ​​em pesquisas originais, comunicações oficiais do governo e muito mais. É por isso que muitos especialistas estão certos de que o blockchain desempenhará um papel fundamental no contrapeso da inteligência artificial.

Outra área onde a criptomoeda e a inteligência artificial podem se unir é nos assistentes virtuais. Hoje, bots como o Siri da Apple ou o Alexa da Amazon podem fazer tudo, desde comprar passagens aéreas até marcar compromissos, e os avanços na inteligência artificial estão tornando essas ferramentas mais versáteis. Mas esta versatilidade será limitada no futuro se estes agentes não conseguirem realizar tarefas mais complexas de forma rápida e eficiente. Combinar assistentes de IA com contratos inteligentes e moedas digitalmente nativas como Bitcoin ou stablecoins (dinheiro que flui de forma segura sem o controle de uma entidade centralizada) poderia abrir novos caminhos para aumentar ainda mais a nossa produtividade.

Estes desenvolvimentos levam-me a acreditar que a convergência da IA ​​e da criptomoeda irá aproveitar os pontos fortes dos seus respetivos campos e remodelar a forma como inovamos e interagimos com o mundo.

A PwC prevê que a IA e as criptomoedas contribuirão com US$ 15,7 trilhões e US$ 1,8 trilhões para a economia global, respectivamente, até 2030. Embora os dois números totalizem 17,5 biliões de dólares, o seu efeito agravado poderá elevar o valor total para 20 biliões de dólares ou até mais.