Muito antes de Wall Street se tornar sinônimo da ascensão e queda de fortunas, antes que os traders segurassem seus telefones gritando “venda!” ou “compre a queda”, as agora famosas metáforas animais de “mercado em baixa” e “mercado em alta” rasgaram e atacaram seu caminho para o léxico financeiro. Esses termos, tão familiares hoje quanto um corretor de ações excessivamente cafeinado, têm uma história tão colorida quanto o ticker que uma vez flutuou pelos pregões. Vamos fazer um mergulho leve em suas origens, sua estreia literária e por que, assim como um bom meme, eles resistiram ao teste do tempo.

O urso—pesado, rugindo e aterrorizante se decidir que você é o jantar—é uma metáfora perfeita para o pessimismo. O termo “mercado em baixa” originalmente surgiu de um provérbio que advertia contra “vender a pele do urso antes de você tê-lo capturado.” Traders na Inglaterra do século XVII, aqueles especuladores destemidos de outrora, vendiam ações emprestadas (como aquela hipotética pele de urso) na esperança de comprá-las de volta mais tarde a um preço mais baixo, embolsando a diferença. Esses apostadores esperançosos eram desdenhosamente chamados de “vendedores de pele de urso”, um termo que logo foi encurtado para “ursos”, para o alívio de quem valoriza a brevidade em vez da linguagem barroca.

Do outro lado do pit metafórico estava o touro, uma criatura conhecida por atacar com abandono imprudente. O touro é o otimismo personificado, um animal que não pensa duas vezes antes de se lançar de cabeça em tudo que está à frente—um símbolo adequado para traders apostando na trajetória ascendente de um mercado. As origens do “mercado em alta”, embora menos vívidas do que a história da troca de pele do urso, podem vir do modo como os chifres de um touro se levantam, em forte contraste com o golpe descendente das garras do urso. É uma metáfora elegante que encapsula a tendência humana de antropomorfizar animais para entender um mundo imprevisível.

A primeira ocorrência registrada de “mercado em baixa” remonta a 1709, escrita pelo satirista e observador do mercado de ações Richard Steele em seu periódico The Tatler. Steele, que tinha um olhar aguçado para a tolice humana, referiu-se aos especuladores pessimistas como aqueles que “vendem o que não possuem.” Sua observação foi direcionada a oportunistas financeiros, mas também foi um aceno à linguagem emergente do mercado—uma linguagem que evoluiria, como a própria economia, para algo simultaneamente profundo e absurdo.

E quanto ao “mercado em alta”? Ele primeiro se impôs à consciência pública um pouco mais tarde, por associação com o urso, embora seu exato momento de estreia literária seja mais difícil de determinar. Os dois termos tornaram-se inseparáveis, como sal e pimenta, ou traders e café, com sua oposição encapsulando perfeitamente a volatilidade inerente do mercado. Juntos, o urso e o touro se tornaram mascotes de um ecossistema financeiro que prospera no caos, cada lado tentando perpetuamente chocar ou arranhar seu caminho para a dominância.

Avançando para as mesas de negociação modernas, onde frases como “compre a queda” (um hino esperançoso dos otimistas) e “pegar uma faca caindo” (uma história de advertência dos pessimistas) são lançadas com o fervor de uma discussão de pub sobre futebol. Essas expressões são os descendentes do urso e do touro, brincalhonas, mas carregadas de significado. “Compre a queda”, por exemplo, sussurra doces promessas de oportunidade durante as quedas, enquanto seu primo sombrio, “venda em pânico”, nos lembra que os humanos têm uma habilidade peculiar de tomar decisões ruins em massa.

No entanto, apesar dos gadgets de alta tecnologia e da negociação algorítmica que agora definem o mercado, ainda nos apegamos à imagética primitiva dos animais. O urso e o touro, com seu rugido e carga atemporais, nos lembram que os mercados não são apenas números em uma tela, mas reflexos da emoção humana—medo e ganância, pessimismo e otimismo, recuo e avanço. Essas metáforas persistem porque são acessíveis, relacionáveis e, francamente, hilárias quando você imagina um urso e um touro brigando sobre o preço do Bitcoin.

Então, qual é a lição de tudo isso? Quer você esteja segurando seu portfólio durante um mercado em baixa ou surfando em uma onda otimista, lembre-se de que esses termos nasceram não da Wall Street, mas do rico e bagunçado tecido da experiência humana. Os mercados subirão e cairão, os touros atacarão, os ursos vão arranhar, e os traders sempre—sempre—encontrarão uma maneira de criar uma expressão para o caos. E quanto a comprar a queda? Bem, digamos apenas que às vezes a queda acaba sendo um cânion.

Agora, se me der licença, estou indo vender a pele do urso que ainda não possuo. Espero que este touro não me pegue no caminho.