Em um mundo onde crises financeiras e recessões podem abalar até as economias mais estáveis, a busca por uma reserva de valor segura nunca foi tão urgente. 

E se o Bitcoin, a maior criptomoeda do mundo, fosse essa resposta? 

Com um histórico de valorização impressionante, muitos se perguntam: será que o Bitcoin realmente pode proteger nosso patrimônio em tempos de turbulência? 

Neste texto do blog, vamos mergulhar nessa discussão que desafia tanto a teoria econômica quanto a realidade dos mercados financeiros.

Funções da moeda: o que diz a teoria

Existe uma área dentro da economia que estuda como algo se transforma em uma moeda. Parece algo simples, mas é desse jeito porque já estamos acostumados com o mundo como ele é hoje - com Pix e tudo mais.

Muito antigamente (mas muito antigamente MESMO!), quando uma pessoa tinha ou produzia algo e queria ter o que outra pessoa tinha ou produzia, precisava haver um encontro muito específico para que a transação acontecesse. Imagine uma pessoa que produz milho querendo comprar arroz… era preciso achar na outra ponta alguém que produzisse arroz, quisesse ter milho e, pra completar, as duas partes ainda iriam precisar chegar a um acordo.

O surgimento da moeda acontece para dar um jeito nisso: em vez de pensar na relação entre sacas de arroz e de milho (ou de qualquer outra troca tão complicada quanto), passa a existir a figura de um item capaz de ser trocado por diversas coisas diferentes. 

E só dá pra imaginar que esse item cumpra essa missão se ele tiver em si, ao mesmo tempo, três coisas: ser meio de troca, servir como unidade de conta e representar reserva de valor. 

O primeiro ponto significa que aquele item deve conseguir fechar transações (a outra parte aceitará a moeda como pagamento por um item). O segundo tem a ver com o valor de referência dos itens ter como base aquela moeda, ou seja, um milho custando R$2. E o terceiro é a esperança de que, se uma pessoa guardar aquela moeda, amanhã ela também conseguirá utilizar essa moeda - porque ela ainda terá valor.

Parece muito economês? Vamos então ao exemplo mais direto de todos: imagine que você recebeu uma maleta com um milhão de reais dentro, em notas de R$100 novinhas. Com esse dinheiro você consegue comprar coisas (meio de troca), consultar o referencial de preço das coisas (que estarão em Reais) e, se você não quiser gastar nada, sabe que amanhã aquele dinheiro ainda terá valor (mesmo que menos, por causa da inflação).

Como Bitcoin se encaixaria nessa teoria?

Uma das discussões mais barulhentas dos últimos tempos quando o assunto é o universo cripto está no ponto de que Bitcoin não seria uma moeda de fato, porque não seria capaz de obedecer aos três aspectos que formam uma moeda - esses que acabamos de te contar quais são: meio de troca, unidade de conta e reserva de valor.

Olhando com calma, talvez essa visão não esteja tão incorreta assim. Mas nem por isso Bitcoin se torna um ativo sem atratividade, principalmente para tempos de adversidade.

Estamos falando de Bitcoin, mas vamos usar a cotação do dólar americano em reais para pensar sobre uma coisa: no início do Plano Real, tivemos o dólar cotado a menos de R$1,00 e, hoje, com trinta anos da nossa moeda, vimos a cotação se multiplicar por cinco. Então, fique com essa informação em mente por enquanto: em trinta anos o dólar passou de R$1 a pouco mais de R$5.

O Bitcoin, quando começou a ter cotação lá em 2009, tinha a seguinte relação: um dólar era equivalente a 1309,03 Bitcoins. Após ter superado US$70.000 por unidade algumas vezes em 2024, no meio de agosto deste mesmo ano o Bitcoin equivale a US$60.000

Comparando com uma mesma moeda (o dólar americano), temos então que o Real se dividiu por mais de cinco em trinta anos e o Bitcoin se multiplicou por mais de 50 mil vezes em metade desse tempo.

Com isso tudo em mente, vamos voltar para as tais três funções da moeda:

  • Meio de Troca: embora seja possível comprar itens com Bitcoin, é mais fácil você encontrar pessoas que estejam comprando mais unidades da moeda digital do que trocando essa moeda por itens da economia real; provavelmente então o Bitcoin não cumpre essa função;

  • Unidade de Conta: é muito mais fácil fazer as contas olhando a relação de moedas como dólar americano e real do que olhando para a cotação do Bitcoin, que oscila muito mais e dificulta que tais contas sejam feitas (lembre-se: relação Real-Dólar caiu a um quinto em 30 anos e em metade desse tempo o Bitcoin se multiplicou em mais de 50 mil vezes; temos então que provavelmente Bitcoin falha em cumprir essa missão também.

Mas, e quando olhamos para reserva de valor? Levando em conta que essa função da moeda fala sobre a esperança de que amanhã a moeda continue tendo valor, então aqui a coisa fica diferente: claramente Bitcoin cumpre essa função, sendo inclusive um dos ativos financeiros que mais subiram de valor em toda a história do capitalismo.

Para se ter uma ideia do quanto o Bitcoin teve uma valorização forte, vale uma comparação: nos últimos 25 anos a ação que mais subiu no mercado de ações mais dinâmico do mundo (o dos EUA) foi a da marca de bebidas energéticas Monster, com retorno acumulado de 268,782% ( o que dá 37,1% por ano em todos os anos). Bem, do Bitcoin já te contamos: em quinze anos multiplicou por mais de 50 mil vezes.

Como Bitcoin se comporta em recessões?

A maior moeda digital do mundo começou nos arredores da maior crise econômica do mundo desde 1929, isto é, em meados de 2008. Com uma visão de limitação de quantidade e o objetivo de ser deflacionária - ou seja, valer cada dia mais e não cada dia menos -, a grande vantagem do Bitcoin está em funcionar como uma reserva de valor frente a outros ativos.

Ser reserva de valor não significa que os preços da cotação não variam: se estiver por dentro do universo cripto já deve ter notado que variações que seriam assustadoras em outros mercados são quase que rotineiras. Mas, lembre-se: diante de algum evento de chacoalhão nos mercados, sabemos que algo é mesmo uma reserva de valor se continuar entregando valorização. 

E é exatamente isso que o Bitcoin fez.

Apenas utilizando uma referência forte já conseguimos ter uma ideia de quão reserva de valor o Bitcoin é: os juros dos EUA, que são a economia que mais atrai liquidez financeira (dinheiro) no mundo, estão no nível mais alto em 20 anos - e saíram do quase zero para esse nível atual em apenas dois anos, começando em 2022; nesse mesmo período, com incontáveis ativos reduzindo bastante o valor (e muitas empresas também, inclusive), vimos uma valorização imensa no mesmo período.
Não sabemos qual será a próxima vez em que uma mudança tão relevante nos juros da maior economia do planeta acontecerá de novo na mesma velocidade, mas, se tudo seguir como aconteceu até agora… Será ótimo se você tiver feito HODL  dos seus Bitcoins!