Na areia branca, sob o sol cruel, o lobo brinda. Não ao mercado, não à sorte, mas à tragédia que ele vê se repetir diante dos seus olhos. O champanhe é gelado, as ondas quebram mansas, e o mundo está em chamas: o Bitcoin beira os 100 mil dólares. Nas bolsas e aplicativos, novatos histéricos compram desesperados. E ele, o lobo, ri. Ri alto, ri debochado. Ri porque sabe: eles já perderam, só ainda não perceberam.

Há pouco mais de um ano, o mercado era um deserto. O preço afundava, os gráficos sangravam, e os especialistas gritavam que o fim tinha chegado. Bitcoin a 15 mil. "Está morto!" berravam os jornais. Ninguém queria tocar naquilo. Só os lobos, silenciosos, compravam. Compravam porque sabiam. Enquanto os cordeiros fugiam, apavorados, eles acumulavam, cientes de que o pânico de muitos é o ouro de poucos.

Agora, os cordeiros voltaram. Mas não como caçadores. Voltaram como gado, marchando para o abatedouro. Correm para comprar na alta histórica, convencidos de que estão ganhando, de que chegaram na hora certa. Pobres almas. Não percebem que já é tarde demais. Enquanto eles se afogam na euforia, o lobo já embolsou os lucros, já vendeu, já partiu.

O mercado é uma tragédia encenada em looping. Os novatos não aprendem porque não querem aprender. Preferem acreditar na ilusão da alta infinita, no sonho de riqueza fácil. Compram na alta como se o preço fosse subir para sempre. E, quando a queda vier; e ela sempre vem, venderão no pânico, entregando o que sobrou ao próximo lobo.

O lobo sabe. Ele vê tudo de sua espreguiçadeira. O champanhe na taça é financiado pelo suor dos tolos. Ele não tem pressa, porque o mercado sempre premia os pacientes e pune os gananciosos. Ele comprou no silêncio e vendeu no barulho. O mercado não é justo, e o lobo não se importa. Justiça é para cordeiros; lucro é para lobos.

E os cordeiros? Pobres, previsíveis, patéticos. Compram manchetes, não fundamentos. Entram quando o preço é notícia e saem quando vira piada. Enquanto o lobo relaxa à sombra de um coqueiro, eles se debatem no caos da alta, gritando "Agora vai a um milhão!". Não vai. Eles não sabem, mas já foram devorados.

Na praia, o lobo toma o último gole de champanhe e ri novamente. Ele sabe o que vem a seguir. O ciclo nunca falha. Em breve, o mercado cairá, e os cordeiros se desfazerão de tudo na baixa, jurando que nunca mais voltarão. Mas voltarão. Sempre voltam. Sempre tarde demais.

O lobo é eterno. Os cordeiros, descartáveis. No mercado, ou você é o predador, ou você é o prato principal. E os cordeiros? Esses nunca entenderão que a alta histórica não é o paraíso. É o inferno embalado como promessa. E o lobo, saciado, deixa claro: no mercado, o único banquete que os cordeiros verão é o que serve sua própria carne.

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