A cada novo pico do Bitcoin, a cegueira se espalha como uma praga que corrompe mentes e corações. Jovens, velhos, todos se atiram ao mercado com uma certeza ridícula, como se, no fundo, soubessem o que estão fazendo. O brilho de suas esperanças é tão intenso quanto uma chama, mas tão efêmero quanto a luz de um fósforo. Eles entram no mercado como quem se joga em um poço profundo, ignorando o fim trágico que os espera. O mercado, como a morte, não tem piedade da presunção humana.
Chegam, como fantasmas de um futuro promissor, com a cara limpa e o bolso cheio de promessas vazias. O gráfico de candles? Um mistério insondável, uma linguagem que os olhos mortais não podem decifrar. O volume? Um conceito distante, uma abstração que será "pesquisada depois", se houver tempo. Resistência? Suporte? Termos tão distantes quanto a verdade que ninguém ousa encarar. Eles não querem saber de nada disso. O que eles querem é a certeza de que, sem esforço, sem preparo, poderão alcançar o paraíso da riqueza fácil. E, como velhos conhecidos da ilusão, acreditam, cegamente, que o mercado tem uma dívida com eles.
E o mercado, esse monstro impiedoso, se diverte com as suas esperanças, jogando-os contra as suas próprias fragilidades. O que parecia certo vira caos. O valor sobe, o brilho no olhar se intensifica. "Agora vai!", pensam, com uma confiança desmedida, como se o simples fato de apertar um botão fosse capaz de transformar vidas. Eles acreditam na mentira que o mercado oferece: "Aqui, tudo é possível!" Mas o mercado não mente. Ele apenas aguarda, impiedoso, a hora da queda.
E cai. O pânico se instala como um veneno que corrói a alma. O rosto de quem antes se via como vencedor agora se distorce em desespero. “O que eu faço? Vendo? Compro mais? O que é isso? Onde estou? Quem sou eu?” Essas perguntas ecoam nos fóruns, como uma súplica que ninguém pode responder. Eles são todos iguais. Todos cegos, todos atirando no escuro, esperando que a sorte, ou o milagre, os salve.
E assim, o que resta? A tragédia de uma ilusão perdida. Os novatos, com os bolsos vazios e os olhos cansados, se perguntam: “Onde foi que eu errei?”. O erro, meu amigo, está no princípio. No momento em que acreditaram que o mercado era um campo onde qualquer um podia se lançar, sem estudar, sem conhecer as regras. O erro foi achar que poderiam vencer o destino sem se preparar para a luta.
E no fim, a única resposta que o mercado dá a esses novatos é uma lição dura e amarga. Não se faz fortuna no escuro. Não se conquista o impossível sem antes entender os segredos do que se busca. O mercado não oferece atalhos. Ele oferece apenas uma coisa: o preço da ignorância. E o preço, ah, o preço… esse nunca é barato.