O Poderoso Dogão

Ela começou como uma piada, mas agora é uma das principais criptomoedas do mercado. A dogecoin, lançada em dezembro de 2013 por Billy Markus e Jackson Palmer, estava mal das pernas nos últimos três anos (bem como tantas outras criptos).

Porém, essa moeda digital subiu repentinamente 250% desde a eleição de Donald Trump, o presidente eleito dos Estados Unidos, que assumirá um repeteco no cargo em 2025.

A ascensão começou em outubro. No começo do mês, uma dogecoin valia 60 centavos de real. No dia 30, a moeda-meme já valia R$ 1. Então, no dia 12 de novembro, seis dias depois da vitória de Trump ser anunciada, a dogecoin chegou a R$ 2,25, e depois atingiu um pico de R$ 2,64 no dia 23.

Ela foi inspirada em um meme de 2013, o doge, que sempre exibe um cachorro fofinho da raça japonesa Shiba Inu. A ideia inicial era zoar com as outras criptomoedas. Palmer, em entrevista ao podcast Epicenter, disse que o objetivo era fazer a coisa mais ridícula possível — criar uma moeda indesejável.

Mas o que a ascensão da moeda-meme tem a ver com a segunda vitória de Trump nas eleições norte-americanas?


O mercado de criptomoedas como um todo se saiu bem com a eleição de Trump. Já na campanha, o republicano começou a cortejar e se aproximar de alguns defensores das criptomoedas. Um deles foi uma das principais vozes da campanha presidencial: o empresário bilionário Elon Musk.

Musk, que já chamou a si mesmo de "The Dogefather" (trocadilho com o título em inglês do filme O Poderoso Chefão), entrou na campanha usando o algoritmo de sua rede social, o X (que um dia já foi o Twitter), para impulsionar Trump, participando de comícios e doando US$ 1 milhão por dia para atrair eleitores para o partido Republicano.


O interesse pessoal de Musk na valorização da dogecoin não é o único conflito de interesses nessa história toda. Tanto a Tesla quanto a SpaceX, empresas das quais Musk é CEO, têm contratos milionários com o governo dos Estados Unidos, do qual o empresário agora faz parte.