Após uma série de prolongadas batalhas legais, Craig Wright, um cientista da computação australiano, não conseguiu fundamentar suas alegações de ser Satoshi Nakamoto, o enigmático criador do Bitcoin.

A controvérsia culminou num veredicto decisivo do juiz James Mellor, do Supremo Tribunal de Justiça do Reino Unido, que rejeitou inequivocamente as afirmações de Wright. Esta decisão marcou um capítulo significativo na saga em torno da identidade do fundador do Bitcoin e suas implicações nas reivindicações de direitos autorais sobre as tecnologias fundamentais da criptomoeda.

Desafios legais de Wright e decisões judiciais relativas ao Livro Branco

Os confrontos legais de Wright começaram quando ele alegou ser o autor do white paper do Bitcoin e assumiu o pseudônimo de Satoshi Nakamoto. Os seus esforços para afirmar a propriedade foram recebidos com ceticismo generalizado e desafios jurídicos.

Em um notável processo de 2021, Wright visou Cobra, a entidade pseudônima por trás do Bitcoin.org, alegando violação de direitos autorais. O tribunal ficou do lado de Wright depois que Cobra optou por não defender o caso, levando a uma ordem que obrigou a remoção do white paper do site e resultou na condenação de Cobra a pagar £ 35.000 em honorários advocatícios.

Fonte: Bitnobert

Em uma ação legal subsequente e mais ambiciosa em 2023, Wright processou 13 desenvolvedores do Bitcoin Core e várias empresas proeminentes, incluindo Blockstream, Coinbase e Block, por motivos semelhantes de violação de direitos autorais relacionados ao white paper do Bitcoin, seu formato de arquivo e o banco de dados. direitos ao blockchain Bitcoin.

Esta ação levou à formação do Fundo de Defesa Legal do Bitcoin, que sublinhou a tendência crescente de litígios que descreveram como “abusivos” e um impedimento ao desenvolvimento do Bitcoin devido ao imenso stress e encargos financeiros que impuseram aos contribuintes.

O julgamento e seus resultados 

O golpe definitivo nas reivindicações de Wright ocorreu durante um julgamento em fevereiro de 2024 movido contra ele pela Crypto Open Patent Alliance (COPA), uma coalizão de importantes participantes da indústria dedicada a manter a propriedade intelectual central do Bitcoin aberta e sem dono. A COPA acusou Wright de se envolver em uma fraude complexa, incluindo falsificação de documentos para apoiar sua afirmação como Nakamoto.

Ao longo do julgamento, os advogados da COPA apresentaram um conjunto convincente de evidências e depoimentos de especialistas que expuseram inúmeras falsificações, inconsistências e imprecisões técnicas nos documentos apresentados por Wright. Estas variavam desde discrepâncias de metadados até problemas de formatação que contradiziam totalmente as características esperadas do verdadeiro criador do Bitcoin.

O julgamento do juiz Mellor foi contundente e definitivo. Ele afirmou que Wright não era o autor do white paper do Bitcoin, nem operou sob o pseudônimo de Satoshi Nakamoto durante o período crítico de fundação do Bitcoin, de 2008 a 2011.

Além disso, Mellor declarou explicitamente que Wright “não era o criador da rede Bitcoin”. Esta decisão não só invalidou a vitória anterior de Wright em matéria de direitos de autor, mas também reforçou a noção da natureza descentralizada do Bitcoin, livre das garras de reivindicações infundadas de propriedade individual. 

Implicações e foco futuro

Apesar do veredicto claro, Wright sinalizou a sua intenção de recorrer, apoiado por um grupo de seguidores que encorajaram os seus esforços legais em curso. No entanto, os registros do julgamento pintaram um quadro menos favorável de Wright, retratando-o como evasivo e inconsistente. O tribunal criticou sua propensão para “tecnobabble” – jargão técnico complicado que ofuscava em vez de esclarecer seus pontos, o que não era característico de alguém com envolvimento genuíno na criação do Bitcoin.

O julgamento tem implicações mais amplas, reforçando a necessidade de credibilidade e provas rigorosas em disputas legais sobre ativos digitais. Sublinha a importância da autenticidade nas afirmações relacionadas com as tecnologias pioneiras da era digital.

À luz desta decisão, espera-se que o foco dentro da comunidade Bitcoin mude. Em vez de se envolver em disputas legais sobre reivindicações fundamentais, a comunidade provavelmente explorará novas aplicações e pressionará por uma aceitação mais ampla do Bitcoin.

Isto está alinhado com os objetivos de entidades como a COPA e o Bitcoin Legal Defense Fund, que visam salvaguardar os interesses coletivos dos desenvolvedores e contribuintes, garantindo que possam continuar o seu trabalho sem a sombra de litígios dispendiosos.

Enquanto isso, Hennadii Stepanov, o mantenedor do site Bitcoin.org, marcou o encerramento deste capítulo controverso ao reenviar o white paper do Bitcoin, sinalizando um retorno à normalidade e abertura contínua na jornada de desenvolvimento do Bitcoin. Este ato foi celebrado em diversas plataformas, reforçando a natureza resiliente da informação e a sua capacidade de perdurar apesar das tentativas de supressão.

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