Como Molly White, uma proeminente crítica de blockchain e criptomoedas, aponta em seu recente artigo na Bloomberg, o mercado criptográfico mais uma vez entrou em um período de mania especulativa após mais de um ano de um profundo inverno criptográfico. Os preços do Bitcoin subiram, as empresas de capital de risco estão investindo em startups de criptomoedas e os infames crypto bros estão de volta, zombando dos céticos com seu mantra “divirta-se permanecendo pobre”. No entanto, como White observa astutamente, este ressurgimento vem acompanhado de um verniz de normalidade e de uma remodelação reputacional que pode não reflectir a verdadeira natureza da indústria.

De acordo com White, o mercado de criptografia continua repleto de manipulações e fraudes, apesar dos novos porta-vozes em processos focados na conformidade regulatória e das instituições financeiras tradicionais lançarem criptomoedas como forma de diversificar portfólios. A aprovação de produtos negociados em bolsa (ETPs) de Bitcoin à vista pela Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) foi vista como um divisor de águas pelos defensores da criptografia, mas, como White aponta, até mesmo o presidente da SEC, Gary Gensler, reiterou que o Bitcoin é principalmente um ativo especulativo e volátil com ligações a atividades ilícitas.

O artigo de White alega que ainda há uma manipulação desenfreada do mercado nas exchanges de criptomoedas, com o wash trading sendo um recurso integrado e um número relativamente pequeno de grandes detentores sustentando artificialmente os preços. Apesar do esforço da indústria para apresentar a criptografia como uma nova classe legítima de ativos, White argumenta que maiores reformas e uma fiscalização mais rigorosa são necessárias para proteger os investidores.

Um dos pontos principais que White destaca é que a criptografia depende muito da narrativa, já que a tecnologia subjacente carece de aplicações práticas para a vida diária das pessoas comuns. As narrativas em torno da criptografia mudaram ao longo dos anos, desde o Bitcoin sendo apresentado como uma alternativa estável ao sistema bancário tradicional até a palavra da moda “web3” do último boom da criptografia. Agora, como observa White, a indústria está aderindo à tendência da IA, com startups prometendo usar blockchains juntamente com modelos de IA para resolver vários problemas, apesar das ineficiências e limitações inerentes aos sistemas blockchain.

White também chama a atenção para a tendência preocupante de pioneiros da IA, como o CEO da OpenAI, Sam Altman, também estarem envolvidos em projetos de blockchain, como o token Worldcoin, que atraiu a ira de agências de privacidade de dados em vários países. O mundo dos híbridos IA-blockchain, como aponta White, permanece leve em produtos e pesado em especulação, assim como os piores criminosos da era web3.

À medida que o espectro de uma nova criptomania se aproxima, White argumenta que já passou da hora de considerar novas soluções para o problema familiar. Ela diz que os golpistas da indústria não devem mais poder explorar as pessoas comuns atraídas por promessas de tecnologia revolucionária. White reconhece as preocupações de alguns céticos da criptografia que temem que a regulamentação possa deixar brechas para a exploração ao mesmo tempo que legitima a criptografia, mas ela afirma que a última década em que os reguladores ignoraram amplamente a indústria não funcionou.

White conclui enfatizando a necessidade de uma regulamentação criteriosa e cuidadosamente elaborada para proteger os investidores e limitar o contágio que quaisquer futuros desastres criptográficos podem transmitir ao resto do mundo financeiro. Ela também apela aos líderes da indústria para que se responsabilizem mutuamente e apoiem modelos de regulamentação governamental que exijam um escrutínio externo rigoroso.

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