O presidente Donald Trump, ainda fresco após sua vitória eleitoral, diz que está planejando uma reunião com seu inimigo favorito, o presidente russo Vlad Putin, assim que ele for empossado novamente no Oval.
Falando em Mar-a-Lago para um grupo de governadores republicanos, Trump confirmou que Putin “quer se encontrar” e acrescentou que, “nós vamos — nós estamos marcando isso.” Ele deixou suas prioridades claras, dizendo que pretende pôr fim à guerra na Ucrânia. “Sim, nós temos que acabar com essa guerra. Isso é uma bagunça sangrenta,” ele disse.
No mês passado, Putin disse publicamente que estava pronto para se encontrar com Trump. A perspectiva de esses dois se sentarem nos faz pensar: isso é um reacendimento de seu relacionamento muito controverso?
Trump e Putin: Uma história complicada
Trump e Putin têm uma história. Durante o primeiro mandato de Trump, ele não se conteve em elogiar o líder russo. Ele o chamou de "inteligente" e até mesmo de "gênio" por suas decisões calculadas. Na Cúpula de Helsinque de 2018, Trump chocou o mundo inteiro ao ficar do lado de Putin em vez de suas próprias agências de inteligência. Foi bem louco.
Quando questionado sobre a interferência russa nas eleições de 2016, Trump disse: “O presidente Putin foi extremamente forte e poderoso em sua negação”.
Mesmo depois da invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022, Trump não conseguiu resistir a elogiar Putin. Enquanto a maioria dos líderes ocidentais condenava as ações da Rússia, Trump disse: "Eu diria que isso é muito inteligente", referindo-se à estratégia de Putin. Esses comentários, calculados ou improvisados, não passaram despercebidos. Os críticos os apontaram como evidência do ponto fraco de Trump pelo presidente russo.
Agora, com Trump voltando para o Oval, Putin está estendendo a mão. Ele até recuou de seu plano de longa data de destronar o dólar americano e, na verdade, explicou que, "Não estamos rejeitando o dólar... apenas nos foi negado seu uso".
Putin chamou as autoridades financeiras dos EUA de “tolas” por arriscarem o domínio do dólar. Ele argumentou que os EUA estão apostando em seu próprio poder, e as consequências podem ser severas.
O drama do USD, BRICS e Bitcoin
Estranhamente, apenas duas semanas depois de Putin dizer publicamente que não era mais contra o dólar americano, Trump apareceu e ameaçou impor tarifas de 100% a qualquer país do BRICS que ousasse desafiar o dólar.
“A ideia de que os países BRICS estão tentando se afastar do dólar enquanto nós ficamos parados e assistimos ACABOU”, Trump postou no Truth Social, aparentemente sem provocação. Especialmente porque ele é aquele cujos planos econômicos desvalorizarão ativamente o dólar.
O BRICS controla mais de 40% das reservas dos bancos centrais do mundo e eles têm discutido alternativas baseadas em blockchain, moedas digitais de bancos centrais (CBDCs) e um sistema de pagamento transfronteiriço que contornaria sistemas centrados nos EUA, como o SWIFT.
Putin estava totalmente envolvido nesse plano, pedindo que os BRICS “experimentassem a tecnologia de livro-razão distribuído” para resolver desequilíbrios comerciais. Ele vê isso como uma forma de enfraquecer o controle do dólar sem abandoná-lo completamente.
A Rússia enfrentou mais de 18.700 sanções desde sua invasão da Ucrânia, congelando US$ 300 bilhões em reservas estrangeiras. Para Putin, o Bitcoin oferece uma saída de emergência. A Rússia está supostamente trabalhando na criação de uma reserva nacional de Bitcoin, querendo ultrapassar diretamente a América antes que Trump a lance lá.
Putin vê o Bitcoin como uma ferramenta para se libertar do domínio dos EUA, enquanto Trump o vê como uma forma de fortalecer o controle da América sobre o sistema financeiro global. Se a Rússia tiver sucesso em construir sua reserva de Bitcoin antes dos EUA, isso poderia mover completamente o equilíbrio do poder econômico.
O nacionalismo econômico de Trump entrará em choque com os planos de Putin, ou eles encontrarão uma maneira de trabalhar juntos? Resta saber por enquanto. Ambos os homens são extremamente imprevisíveis.
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