O Banco Central do Brasil (BCB) publicou em 29/11 uma proposta que proíbe transferências de stablecoins como USDT para carteiras de auto-custódia como MetaMask. A proposta faz parte de um projeto de regulamento e está aberta para consulta pública até 28 de fevereiro de 2025.
O Brasil está se movendo em direção a regras mais rigorosas para a negociação de stablecoins.
As medidas restritivas propostas pelo governo brasileiro estão em linha com seus esforços para fortalecer a regulamentação do mercado de câmbio e do capital estrangeiro.
De acordo com reportagens da Cointelegraph, essa medida visa revisar a resolução existente de 2022 sobre provedores de serviços de ativos virtuais (VASP) no mercado de câmbio. O Banco Central do Brasil propôs ampliar o escopo do mercado de câmbio para incluir atividades como pagamentos, vendas, custódia e negociações de criptomoedas denominadas em moeda estrangeira, e os VASP precisarão fornecer ao banco central informações detalhadas, incluindo validação de clientes e transferências de valor.
O Brasil é um mercado importante para stablecoins, e a desvalorização do BRL leva as pessoas a se protegerem com stablecoins.
A moeda fiduciária do Brasil, o BRL, desvalorizou-se significativamente nos últimos anos, com uma desvalorização de 27% até o momento este ano e uma queda de 52% em cinco anos.
À medida que o BRL continua a se desvalorizar, a comunidade local está cada vez mais acostumada a se proteger comprando stablecoins como o USDT. De acordo com dados da Chainalysis, no último ano o Brasil foi o segundo maior mercado global para transações de stablecoins, com o volume de transações de stablecoins representando 59,8% do mercado total de criptomoedas do país.
A proibição pode se tornar realidade, mas será difícil de implementar.
Carol Souza, co-fundadora da Area Bitcoin School, afirmou que a restrição do Banco Central do Brasil visa impedir que as negociações de stablecoins ocorram fora das plataformas de negociação brasileiras. Desde 2019, as plataformas de criptomoedas do Brasil têm adotado medidas de 'Conheça seu Cliente' (KYC), mas as transações peer-to-peer (P2P) ainda não estão sujeitas a essas restrições.
Souza acredita que essa regulamentação pode se tornar realidade em 2025.
No entanto, o analista de bitcoin da Trezor, Lucien Bourdon, acredita que a potencial proibição do Brasil sobre stablecoins de auto-custódia será difícil de implementar.
O governo pode regular as exchanges centralizadas, mas as transações P2P e as plataformas descentralizadas são mais difíceis de controlar, o que significa que a proibição pode afetar apenas uma parte do ecossistema.
As restrições do Brasil podem mudar a maneira comum de acessar criptomoedas e dificultar a entrada de novos participantes, atrasando assim a adoção. No entanto, os usuários existentes ainda encontrarão maneiras de negociar criptomoedas livremente. Por exemplo, na China, a proibição de exchanges centralizadas levou os usuários a migrar para plataformas descentralizadas como a Uniswap.
Os emissores de stablecoins ainda estão lutando para expandir o mercado brasileiro.
No entanto, os emissores de stablecoins Tether e Circle ainda estão lutando para expandir seu mercado no Brasil.
A Circle anunciou em setembro que o USDC já pode ser negociado no Brasil através do sistema de pagamentos instantâneos nacional, permitindo que empresas e consumidores locais usem o USDC de forma mais rápida e barata.
Paolo Ardoino, CEO da Tether, afirmou: 'A Tether está comprometida em trabalhar com as autoridades brasileiras como parte de seu contínuo desenvolvimento regulatório para equilibrar a promoção da inovação e garantir uma forte proteção ao consumidor.'
Este artigo sobre a possível implementação de uma proibição de auto-custódia de stablecoins no Brasil e o fortalecimento da regulamentação das exchanges centralizadas apareceu pela primeira vez na Chain News ABMedia.