Em uma ampla entrevista com Shahaf Bar-Geffen, CEO e fundador da plataforma de pagamentos em blockchain COTI, Charles Hoskinson, fundador da Cardano, descreveu sua visão para o futuro da regulamentação de criptomoedas nos Estados Unidos.
Enquanto os Estados Unidos permaneceram amplamente estagnados no desenvolvimento de estruturas legislativas abrangentes em torno de ativos digitais, outras regiões fizeram avanços significativos. Por exemplo, Europa, Israel, Oriente Médio e Japão estabeleceram ecossistemas progressivos para tecnologia blockchain e ativos digitais.
Essa paralisia regulatória colocou os EUA em risco de ficar para trás no que Hoskinson prevê que se tornará uma “indústria de 10 a 20 trilhões de dólares”. De fato, o impacto dessa incerteza foi substancial, forçando muitos projetos promissores de blockchain a excluir completamente o mercado dos EUA.
Entre esses projetos está o COTI, que, apesar de sua impressionante avaliação de US$ 250 milhões e soluções tecnológicas inovadoras, não conseguiu atender ao mercado dos EUA. Mais recentemente, o projeto se destacou como a única iniciativa de blockchain a avançar para o estágio final do Digital Shekel Challenge do Banco de Israel.
Este desafio, inspirado pela iniciativa “Rosalind” do BIS, convidou participantes de setores como fintech, bancos, academia e tecnologia para criar aplicativos alavancando uma camada de API de shekel digital.
Reformas regulatórias são a necessidade do momento!
As mudanças antecipadas na liderança dos EUA apresentaram uma oportunidade única para a reforma regulatória. Para começar, a nomeação do ex-COO do Paypal, David Sacks, como o "czar cripto" da nação, juntamente com a liderança pró-cripto em agências reguladoras importantes como a SEC e a CFTC, foram vistas por muitos como o primeiro passo em direção a um ambiente regulatório mais flexível.
No entanto, essa transformação, aos olhos de Hoskinson, envolveria uma revisão abrangente das estruturas existentes do governo e o desenvolvimento de novas abordagens para regular tecnologias emergentes como DeFi, DAOs e contratos inteligentes. Ele acrescentou:
“A indústria tem a obrigação de usar os próximos 6 a 9 meses com sabedoria, para ter uma discussão sobre quais ordens executivas, mudanças administrativas e leis precisam ser feitas para criar uma estrutura que seja viável para todos.”
Construindo pontes internacionais
Como parte de sua entrevista com Bar-Geffen, Hoskinson — que deve trabalhar ativamente com legisladores em Washington DC após a mudança de regime — se posicionou como um “conector chefe”, fazendo a ponte entre os formuladores de políticas dos EUA e os especialistas internacionais em criptomoedas.
Em suas próprias palavras, sua abordagem sintetizará pesquisas de empresas de criptomoedas dos EUA, ao mesmo tempo em que facilitará o diálogo entre legisladores americanos e reguladores internacionais que já enfrentaram com sucesso desafios semelhantes, observando ainda:
“Vou trazer pessoas do exterior, que normalmente seriam excluídas do processo político dos EUA, para conversar com os legisladores dos EUA e com a administração para compartilhar problemas que eles já resolveram em muitos casos, como o ADGM em Abu Dhabi, por exemplo, ou a FINMA na Suíça, ou a Autoridade Monetária de Cingapura.”
Elaborando mais sobre o impacto contínuo da abordagem desequilibrada dos EUA para a supervisão de criptomoedas, Hoskinson destacou o exemplo do COTI, um projeto avaliado em um quarto de bilhão de dólares, afirmando que o ecossistema não consegue se estabelecer no país por causa de sua falta de previsão. “Essa é uma das milhares de histórias, globalmente, e pense em todo o valor que isso traria para os EUA, e o valor que os EUA podem trazer para esses projetos”, ele acrescentou.
Olhando para o futuro, Hoskinson vê o potencial dos Estados Unidos se tornarem o melhor país do mundo para estabelecer e operar negócios de criptomoedas. No entanto, essa meta ambiciosa exigirá uma mudança fundamental na forma como os EUA abordam a inovação financeira e a cooperação internacional na era digital.