TLDR
Seis estados membros da UE, incluindo Bélgica, Itália e Polônia, não estão prontos para implementar as regulamentações de criptomoedas do MiCA até o prazo de 31 de dezembro.
Associações comerciais estão solicitando um período de “não ação” de 6 meses para evitar a interrupção dos serviços.
O atraso na implementação decorre do tempo insuficiente entre a finalização dos padrões técnicos de outubro e o prazo de dezembro.
Algumas empresas de criptomoedas podem precisar interromper as operações na Europa se não conseguirem obter licenças a tempo.
Os reguladores nacionais citam processos legislativos e coordenação governamental como principais gargalos.
Com apenas três semanas restantes até a entrada em vigor da regulamentação de Mercados em Ativos Cripto (MiCA) da União Europeia, seis estados membros da UE ainda não alinharam suas leis locais com a nova estrutura. Bélgica, Itália, Polônia, Portugal, Luxemburgo e Romênia estão entre os países que ainda trabalham para implementar as mudanças necessárias, de acordo com a documentação da Associação de Dinheiro Eletrônico.
A implementação do MiCA segue uma abordagem em duas fases. A primeira fase, concluída em junho, focou nos emissores de stablecoins e suas autorizações operacionais. O prazo de dezembro marca a segunda fase, que afeta provedores de serviços de ativos cripto (CASPs), como bolsas, provedores de carteira e custodiante.
Sob as novas regulamentações, essas empresas devem se registrar e estabelecer uma base em pelo menos um país da UE para obter uma licença para operar em todo o bloco comercial. No entanto, o curto prazo entre a finalização dos padrões técnicos regulatórios em outubro e o prazo de dezembro criou desafios para os reguladores nacionais.
Várias associações comerciais da indústria de criptomoedas, incluindo Blockchain for Europe e a Iniciativa Cripto Europeia, expressaram preocupações sobre o cronograma de implementação apertado. Em uma carta à Autoridade Europeia dos Valores Mobiliários e dos Mercados (ESMA), destacaram as dificuldades que as autoridades competentes nacionais enfrentam para gerenciar adequadamente as aplicações de CASP dentro do prazo atual.
As associações comerciais solicitaram um período de “não ação” de seis meses para evitar sanções contra empresas que continuam operando enquanto aguardam autorização. Embora a ESMA tenha inicialmente negado esse pedido, o prazo será discutido em uma reunião no dia 11 de dezembro, com possível orientação sobre o cronograma a seguir.
Robert Kopitsch, cofundador da Blockchain for Europe, alerta que algumas empresas podem ter que interromper suas operações de criptomoedas sem alternativas para o backlog de registro. Essa situação pode impactar particularmente serviços na Irlanda, Portugal, Polônia e Espanha, segundo especialistas da indústria.
Até mesmo a Alemanha, apesar de seu avançado quadro regulatório de ativos cripto, enfrenta desafios. O país precisa de nova legislação para alinhar seu quadro existente com as especificações do MiCA, um processo que requer tempo e coordenação política.
Os reguladores nacionais identificaram os procedimentos legislativos como o principal gargalo na implementação. Na Polônia, a Autoridade de Supervisão Financeira (KNF) aponta o Ministério das Finanças como o coordenador responsável por cumprir os prazos. O projeto da lei do mercado de criptoativos da Polônia recebeu opiniões positivas, mas permanece em revisão na comissão.
A situação de Portugal espelha esse atraso legislativo. A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários de Portugal observa que as responsabilidades de implementação e a alocação de poder entre os órgãos reguladores permanecem sob consideração do governo.
A FSMA da Bélgica indica que as decisões políticas sobre as autoridades competentes para o MiCA ainda estão pendentes, impedindo um progresso adicional. Enquanto isso, o Banco Central da Irlanda começou a se envolver com potenciais candidatos através de um processo de pré-inscrição, enfatizando a importância da preparação para uma autorização eficiente.
Os desafios de implementação se estendem além dos países mencionados. Fontes da indústria mencionam Itália, Malta, Chipre, Lituânia e Bélgica como nações adicionais que enfrentam dificuldades com o prazo. O regime de cripto existente de Malta requer alinhamento com o MiCA, criando outra camada de complexidade.
Helmut Bauer, consultor da Associação de Dinheiro Eletrônico, explica que os processos políticos e legislativos causaram atrasos mesmo em países com estruturas de cripto estabelecidas. O BaFIN da Alemanha, por exemplo, deve aguardar nova legislação, apesar de estar operacionalmente preparado.
A pressão do cronograma decorre da lacuna de dois meses entre a finalização de certos padrões técnicos regulatórios em outubro e o prazo de implementação em dezembro. Essa janela curta complicou a documentação necessária e os processos regulatórios.
Para as empresas de criptomoedas, as consequências desses atrasos podem ser substanciais. Sem a devida autorização, as empresas podem precisar suspender suas operações na Europa, potencialmente interrompendo os serviços para usuários nos países afetados.
A próxima reunião da ESMA em 11 de dezembro pode trazer clareza sobre como os reguladores lidarão com os desafios de implementação. Embora uma suspensão completa da aplicação pareça improvável, a autoridade pode oferecer orientações sobre o cronograma para ajudar a gerenciar o período de transição.
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