O governador do Banco Reserve da Índia (RBI), Shaktikanta Das, anunciou que a Índia não está buscando uma política de desdolarização. Ele também enfatizou que nenhuma decisão concreta foi tomada em relação à criação de uma moeda comum do BRICS.

Como relatou a Forbes, o chefe do banco central da Índia confirmou que a desdolarização não faz parte dos objetivos do país sob o grupo BRICS.

As observações de Das vêm após críticas contundentes do ex-presidente dos EUA Donald Trump, que ameaçou impor uma tarifa de 100% sobre os países do BRICS se eles tentarem substituir o dólar no comércio internacional.

A abordagem da Índia ao uso de moeda

Durante uma coletiva de imprensa, Das abordou perguntas sobre a posição da Índia, esclarecendo que o país apenas buscou acordos de comércio em moeda local para mitigar os riscos associados à dependência de uma única moeda.

“A dependência de uma única moeda pode ser problemática em certos momentos devido à valorização ou desvalorização”, explicou Das, mas enfatizou que as ações da Índia visam a diversificação em vez da desdolarização total.

Ele observou que um dos membros do grupo introduziu o conceito de uma moeda BRICS, mas nenhum progresso foi feito.

“A distribuição geográfica dos países também deve ser levada em consideração, ao contrário da eurozona, que tem contiguidade geográfica,” acrescentou.

A postura cautelosa da Índia sobre a desdolarização e a iniciativa da moeda do BRICS levanta questões sobre a unidade e visão de longo prazo do bloco.

A cooperação do país é especialmente crucial para a estrutura do BRICS, particularmente para a Rússia e a China, pois serve como uma ponte entre interesses geopolíticos e econômicos diversos.

A Índia e a Rússia formaram laços fortes em setores como energia e defesa, com 68 bilhões de dólares em comércio bilateral, principalmente devido a importações mais baratas de petróleo russo. O potencial para cooperação econômica é evidente em iniciativas estratégicas como o corredor marítimo Chennai-Vladivostok e o Corredor de Transporte Internacional Norte-Sul.

No entanto, a abordagem pragmática da Índia, equilibrando relações com o Ocidente e a Rússia, acrescenta complexidade, especialmente em meio a tensões globais em andamento, como o conflito na Ucrânia.

A China e a Índia, como as maiores economias do BRICS, também estão em posição de beneficiar-se de sua cooperação dentro do bloco. No entanto, sua parceria é complicada por tensões decorrentes de desafios geopolíticos subjacentes que levaram os países à guerra em 2020 na região de Ladakh.

Expansão do BRICS e debate sobre moeda

Os BRICS, originalmente compostos por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, se expandiram no ano passado para incluir Egito, Etiópia, Irã e os Emirados Árabes Unidos. O movimento não foi apoiado pela Índia, que acredita que o bloco precisa de tempo para “se ajustar a novos membros.”

Em sua reunião mais recente em Kazan, Rússia, os líderes do BRICS revelaram uma nota simbólica, sinalizando apoio ao uso de moedas locais em acordos comerciais bilaterais. No entanto, a noção de uma moeda comum de comércio permanece altamente controversa.

No início deste ano, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva defendeu uma moeda BRICS para desafiar o domínio do dólar. No entanto, críticos, incluindo o governador do RBI, Das, apontaram para a complexidade de criar tal moeda em um bloco geograficamente e economicamente diverso.

O debate se intensificou após Trump, por meio de sua plataforma Truth Social, alertar que qualquer movimento dos países do BRICS para estabelecer uma moeda comum de comércio ou minar o dólar desencadearia severas repercussões econômicas.

Fonte: X

“Não há chance de que os BRICS substituam o Dólar dos EUA no comércio internacional, e qualquer país que tentar deve se despedir da América”, escreveu Trump. O governador Das se recusou a comentar diretamente sobre as observações de Trump, afirmando: “Deixe a política vir primeiro.”

Economista diz que os BRICS têm uma moeda comum em Ouro

Embora o bloco BRICS não esteja atualmente planejando uma moeda comum, o economista e autor Jim Rickards argumentou que eles já compartilham uma moeda de fato: o ouro. De acordo com Rickards, os países do BRICS dependem de moedas nacionais como o yuan e o rublo para o comércio, mas usam ouro para liquidações periódicas para equilibrar contas.

Rickards descreveu as ameaças tarifárias de Trump como mais um aviso do que uma reação a uma ameaça imediata. Ele sugeriu que, se estivesse à frente do Tesouro dos EUA, priorizaria a compra de ouro para complicar os esforços dos países do BRICS, efetivamente antecipando suas chances de depender de um sistema de comércio baseado em ouro.

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