Uma recuperação na manufatura chinesa? Chaves para o crescimento impulsionado por estímulos

A atividade industrial na China continua a mostrar sinais de recuperação, especialmente entre pequenas e médias empresas, graças às recentes medidas de estímulo econômico implementadas pelo governo.

De acordo com o Índice de Gerentes de Compras (PMI) Caixin/S&P Global, o índice alcançou 51,5 em novembro, superando a expectativa de 50,5 em uma pesquisa da Reuters. Este é o segundo mês consecutivo em que permaneceu acima do limite de 50, que separa a expansão da contração.

Impulsionando novos pedidos e exportações

O crescimento da manufatura foi liderado por um aumento de três anos em novos pedidos, segundo Wang Zhe, economista do Caixin Insight Group. O relatório também destacou uma recuperação nas exportações, sugerindo que o estímulo está começando a se refletir na economia.

O PMI oficial, que inclui principalmente empresas estatais e grandes firmas, também mostrou um leve aumento, alcançando 50,3 em novembro em comparação a 50,1 em outubro. Este resultado sublinha uma estabilização inicial no setor.

Estímulos econômicos e desafios

A China lançou uma série de medidas para reviver sua economia, incluindo a redução da taxa de requerimento de reservas bancárias em 50 pontos base e a aprovação de um plano de 10 trilhões de yuans (US$ 1,4 trilhão) para solucionar problemas de dívida local.

Além disso, os esforços foram intensificados para estabilizar o setor imobiliário, que continua a mostrar fraquezas, com uma queda de 10,3% nos investimentos durante os primeiros dez meses do ano.

Apesar desses sinais positivos, desafios permanecem. Segundo Gary Ng, economista da Natixis, uma recuperação sustentada dependerá de uma melhoria na confiança do consumidor e dos negócios. Riscos como guerras de preços e tensões geopolíticas também são mencionados, o que pode impactar setores-chave em 2025.

Impacto das tensões comerciais com os Estados Unidos

A recente vitória presidencial de Donald Trump aumentou a incerteza sobre a possível reimplementação de tarifas sobre produtos chineses. Segundo Julian Evans-Pritchard da Capital Economics, essa ameaça pode estar temporariamente impulsionando as exportações chinesas, à medida que empresas dos EUA buscam se antecipar a possíveis tarifas.

Uma mudança de curso?

Embora dados recentes sugiram uma recuperação incipiente, as perspectivas econômicas da China permanecem mistas, com setores como o imobiliário e os lucros industriais enfrentando quedas significativas. No entanto, estímulos fiscais e monetários, juntamente com um aumento na demanda por exportações, podem preparar o terreno para uma recuperação mais sustentada em 2024.