Uma organização de lavagem de dinheiro conectada às importações de cocaína dos Estados Unidos do México e da Colômbia usa Tether (USDT), afirma um novo relatório.


Os traficantes de drogas recorreram às criptomoedas, e ao USDT em particular, "como uma forma de mover rapidamente a riqueza através das fronteiras nos últimos anos," de acordo com um recente relatório do Court Watch. Registros judiciais de vários casos alegam que organizações criminosas—incluindo o cartel de drogas mexicano Sinaloa—usam tais ativos para tráfico de drogas em larga escala.


A notícia segue um relatório recente de que um snowboarder olímpico canadense e seu grupo supostamente usaram USDT como parte de uma operação de tráfico de cocaína, com o grupo também sendo supostamente responsável por múltiplos assassinatos. As autoridades afirmam que a cocaína foi movida da Colômbia pelo México e, em seguida, para os Estados Unidos e Canadá.


Os relatórios dizem que a situação é tão grave que o USDT é vendido a um desconto no México porque o conhecimento de que vem de lucros de drogas é tão generalizado. O relatório cita uma fonte dizendo que "a tendência atual era comprar USDT de grupos baseados no México a um preço mais barato do que o preço de mercado, e depois vender o USDT na Colômbia em Casa de Cambios [casas de câmbio], exchanges de moeda virtual, transações de balcão (OTC) ou transações peer-to-peer (P2P)."


"O USDT foi vendido a um preço mais barato no México porque era conhecido como lucros de drogas," destaca a fonte anônima. A Decrypt não conseguiu verificar de forma independente se o USDT é vendido a um desconto no México.


Um documento recente—uma queixa de confisco civil—viu o governo dos Estados Unidos buscando acessar mais de 5 milhões de USDT apreendidos, divididos em três contas separadas da Binance. Esses fundos também estavam supostamente ligados ao tráfico de cocaína, e uma das contas da exchange Binance envolvidas processou mais de $15 milhões em fundos.


A Tether destacou que essas transações ocorreram no mercado secundário, sem qualquer envolvimento do emissor da stablecoin. "Ao contrário da moeda fiduciária, que continua sendo a forma dominante de financiamento para esforços criminosos e terroristas em todo o mundo, a Tether tem a capacidade de rastrear todas as transações e interromper o USDT sempre que ele for usado de maneira ilícita," disse um representante da Tether.


"Apesar de nossos melhores esforços, como a maioria das empresas, não conseguimos sempre impedir preventivamente todos os maus atores," disse um porta-voz da Binance à Decrypt. O porta-voz também enfatizou as rigorosas medidas de combate à lavagem de dinheiro da exchange, com "ferramentas internas e de terceiros sofisticadas para detectar atividades ilícitas potenciais."


Outro documento lança luz sobre uma investigação do FBI em uma operação separada de lavagem de dinheiro que utilizou corretores de criptomoedas. A operação estava conectada a grandes cartéis mexicanos—incluindo o cartel de Sinaloa—e lavou mais de $52 milhões em lucros de drogas antes de 2021 e 2023.


Este caso também envolveu USDT, com uma fonte dizendo aos investigadores que um advogado da Costa Rica "estava buscando comprar grandes quantidades de USDT." Isso não parece ser uma nova tendência, com um relatório de 2020 indicando que os cartéis de drogas já eram conhecidos por usar USDT como parte de suas operações de contrabando de dinheiro na época.


USDT não é o único ativo cripto utilizado por contrabandistas de cocaína. Relatórios anteriores também indicam que milhões de dólares em USDT foram usados junto com o Bitcoin (BTC) por clientes baseados no México de produtores chineses de fentanil.


A Binance e a Tether não responderam à consulta da Decrypt até o fechamento da matéria.


Editado por Stacy Elliott.