Em uma mesa redonda realizada pelo Expert Institute for Social Research (EISR) em Moscou na sexta-feira, o analista político Boris Mezhuyev sugeriu que o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, se concentrará em interromper a coalizão BRICS, deixando de lado a atual crise ucraniana. Mezhuyev foi citado pela Tass dizendo:

Acredito que o principal adversário de Trump não será nem a Rússia nem a China, mas o próprio BRICS.

“Ele se esforçará para fraturar o BRICS, para desmantelar a emergente ordem mundial multipolar. Ele fará isso com maior determinação e mais efetivamente do que a administração anterior”, afirmou o analista.

De acordo com Mezhuyev, isso contrasta com as políticas do presidente Joe Biden, que “focaram em fortalecer o Ocidente coletivo, fortalecendo indiretamente os BRICS”. Mezhuyev enfatizou: “Não haverá mais tal tarefa na agenda. O desafio iminente será muito mais sério”.

Mezhuyev previu que Trump mudaria a política externa dos EUA para intensificar a influência americana globalmente. Ele observou: “Suas políticas buscarão reforçar a hegemonia americana em áreas-chave. A Ucrânia não será uma prioridade. Haverá um novo desafio para o mundo, para a Rússia e para a multipolaridade.”

O especialista também descreveu a provável visão de Trump sobre uma Guerra Fria, afirmando: “Eu acho que ele vê a principal linha de frente desta guerra não tanto na Ucrânia, mas na América Latina e no Sudeste Asiático.” Ele continuou:

Então, acho que haverá uma virada nessa direção. Haverá tentativas de expulsar a China da América Latina.

“Com toda a probabilidade, tentativas de substituir os presidentes do Brasil e da Venezuela, e colocar a Índia, a Rússia e a China uma contra a outra estão chegando”, ele alertou. Resumindo sua análise, Mezhuyev concluiu: “Ele buscará fragmentar a maioria mundial, perturbar a unidade emergente. Este mundo não ocidental seria derrubado. É assim que a estratégia de Trump se parecerá. Todo o resto é uma questão de tática.”