A Procuradoria-Geral da República (PGR) do Brasil solicitou ao Supremo Tribunal Federal que rejeite ações judiciais que contestam a proibição da plataforma de mídia social X.

O PGR argumentou que a suspensão da plataforma de mídia social de Elon Musk não viola os direitos de liberdade de expressão e enfatizou que os processos contra a proibição não têm fundamento legal.

A decisão vem depois que o Juiz Alexandre de Moraes do Brasil bloqueou a plataforma em 30 de agosto após ela se recusar a nomear um representante legal local. A lei brasileira exige que as plataformas de mídia social que operam no país designem um representante legal.

Anteriormente, X se recusou a cumprir ordens do Supremo Tribunal Federal (STF) para remover conteúdo considerado prejudicial, como desinformação e retórica extremista.

A PGR foi obrigada a rever o caso após a Ordem dos Advogados do Brasil e um partido político (Partido Novo) recorrerem da decisão de derrubar a plataforma. Os recursos contestaram a suspensão X e uma multa diária de US$ 9.000 para usuários que acessassem a plataforma por meio de redes privadas virtuais (VPNs).

Segundo a PGR, o mecanismo legal utilizado nos recursos não pode ser invocado para questionar decisões do Supremo Tribunal Federal. “Não é sequer teoricamente admissível arguição de descumprimento de preceito fundamental contra decisão judicial do STF”, observa versão traduzida da manifestação da Procuradoria.

O ministro do Supremo Tribunal Federal Marques Nunes, que está analisando os recursos, deve encaminhar o caso ao plenário do tribunal somente após as eleições municipais do país, marcadas para outubro. O painel do tribunal confirmou anteriormente a decisão de Moraes de proibir a plataforma em 2 de setembro.

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A proibição de X chega ao Congresso

Segundo a agência oficial de notícias do Congresso brasileiro, a polêmica entre Musk e o Supremo Tribunal Federal tem gerado intensos debates entre os parlamentares nos últimos dias.

Brazil's House Floor on Sept. 10. Source: Agência Câmara de Notícias

Alguns representantes defenderam as alegações de Musk sobre censura nas mídias sociais, citando preocupações sobre a liberdade de expressão no país. O congressista conservador Nikolas Ferreira criticou a falta de transparência em torno do bloqueio de contas de mídia social, chamando-a de uma abordagem seletiva dos tribunais. Ele disse:

“Algum legislador de esquerda teve suas contas bloqueadas? Minhas contas foram bloqueadas logo após as eleições do ano passado, e não sei por quê. Não tenho acesso aos registros do caso.”

Enquanto isso, outros legisladores condenaram as ações de Musk como uma ameaça à soberania do Brasil e defenderam a regulamentação das plataformas sociais. O congressista Ivan Valente argumentou que as ações de Musk minam a soberania nacional do Brasil. “O que está acontecendo no Brasil é alarmante, essa interferência internacional da extrema direita”, disse ele.

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