O Banco Central da Argentina confirmou que moveu uma parte das reservas de ouro do país para o exterior, completando a “recalibração” de suas contas. No entanto, a transferência de ouro foi recebida com ceticismo, com os legisladores citando riscos de confisco.

Alguns legisladores expressaram insatisfação com a transferência de ouro, argumentando que os ativos do Banco Central poderiam ser facilmente confiscados em contas estrangeiras.

Sergio Palazzo, Secretário Geral da Associação Bancária, é um dos que discordaram vocalmente da suposta decisão da administração de realocar seu ouro para Londres. Ele disse que as reservas poderiam ser afetadas pela ordem de embargo feita pelos detentores de dívida argentinos. Ele até solicitou acesso a informações públicas do banco sobre a transferência.

Banco central da Argentina transfere seu ouro para o exterior

O Banco Central da Argentina realocou parte do ouro da nação de seus cofres nacionais para contas estrangeiras, citando a necessidade de reequilíbrio de contas. O banco alegou que essas realocações de ouro não afetaram o volume acumulado de suas reservas, retidas em US$ 4,981 bilhões, conforme relatado no balanço patrimonial datado de 23 de agosto de 2024.

No entanto, a autoridade monetária ainda não forneceu mais detalhes sobre a transferência. Em uma declaração na segunda-feira, o banco abordou a acusação de possível confisco relacionado à ordem de embargo, dizendo:

O BCRA expressa sua preocupação com a divulgação irresponsável de informações, com fins políticos, relacionadas a essas operações antes de sua conclusão, pois colocou em risco a segurança dos ativos de todos os argentinos.

BCRA

Embora o banco não tenha confirmado se parte do seu ouro foi enviado para Londres, alguns especularam que o ouro pode ter sido movido para Basileia, onde a maior parte do ouro sob a autoridade do banco foi depositado por algum tempo.

Além disso, Basileia abriga o Banco de Compensações Internacionais (BIS), o que se traduz em alguma forma de "imunidade" para os fundos argentinos possivelmente realocados, já que nenhuma solicitação de embargo poderia afetá-los.

Ministro da economia argentino apoia realocação de ouro

Pessoas com conhecimento direto do assunto afirmaram que o ouro enviado ao exterior será certificado para uso financeiro, o que significa que o país poderá usar as reservas como garantia para empréstimos e financiamentos.

O ministro da Economia, Luis Caputo, comparou manter ouro no banco a possuir propriedades inutilizáveis, argumentando que transferir as reservas para o exterior permitiria à Argentina lucrar significativamente com os ativos e gerar retornos substanciais.

Santiago Bausili também observou que a transferência de ouro é uma reminiscência de todas as transferências feitas na última década. Ele acrescentou que o banco manteve as mesmas disposições de gestão para suas reservas de ouro por mais de dez anos, oferecendo formatos físicos em barras e lingotes e formato elétrico em contas no exterior.