Nos últimos 10 anos, de julho de 2014 até hoje, o ativo Bitcoin registrou desempenho impressionante em relação ao seu preço.
Em 16 de julho de 2014, fechou o dia em torno de US$ 617, enquanto ontem fechou pouco acima de US$ 65.000. Assim, nos últimos 10 anos, o desempenho do seu preço foi superior a +10.000%.
Os ciclos do Bitcoin
O Bitcoin nasceu em 3 de janeiro de 2009, quando Satoshi Nakamoto extraiu o primeiro bloco de seu blockchain.
Na época não era possível trocar BTC por dólares ou outras moedas fiduciárias, então na verdade seu valor de mercado era zero. No máximo, foi possível convencer alguém a aceitar BTC como forma de pagamento, como aconteceu em 22 de maio de 2010, quando foi feito o primeiro pagamento conhecido em Bitcoin.
Também em 2010, porém, foram abertas as primeiras exchanges, ou seja, plataformas que permitiam a compra e venda de BTC em dólares, e depois em outras moedas fiduciárias.
A cada 210.000 blocos minerados na blockchain do Bitcoin, a taxa de criação de novos BTC cai pela metade. Esse evento é chamado de redução pela metade e ocorre aproximadamente a cada 3 anos e 10 meses.
Os ciclos do Bitcoin são marcados pelo halving e, desde que o quarto halving ocorreu em abril deste ano, entramos no quinto ciclo do Bitcoin.
A primeira redução para metade ocorreu em Novembro de 2012, pelo que em Julho de 2014 o segundo ciclo já estava em curso. Geralmente, não é comum usar como referência os valores de preços do Bitcoin durante o primeiro ciclo porque eram excessivamente baixos.
O touro especulativo
Até agora, nos três casos anteriores, o halving foi seguido, meses depois, por uma bolha especulativa inflada no preço do Bitcoin.
Nos três casos, a bolha rebentou, mas depois do rebentamento, o preço manteve-se sempre mais elevado do que era antes da bolha começar a inflar.
Geralmente, a bolha começa a inflar mais ou menos no mês em que acontecem as eleições presidenciais nos EUA, pois é impulsionada pelo declínio da força do dólar americano, que sobe antes das eleições e depois cai.
E assim, após a metade de novembro de 2012 e as eleições presidenciais dos EUA no mesmo mês, o preço do Bitcoin durante 2013 começou a subir, tanto que a primeira bolha sensacional inflou. Essa bolha elevou o preço do BTC de US$ 10 para mais de US$ 1.000 e depois estourou em 2014.
Assim, em julho de 2014, a primeira bolha especulativa inflada sobre o preço do BTC já havia estourado, embora não completamente. Na verdade, o preço do Bitcoin durante o ano seguinte caiu para menos de US$ 200.
Para aumentar o preço do Bitcoin em +10.000$ nos anos seguintes, houve outras duas bolhas especulativas, ambas infladas após o halving e especialmente após as eleições nos EUA de 2016 e 2020.
O atual nível de preços está em linha com os máximos alcançados durante a bolha especulativa de 2021.
Os demais ativos em comparação com o preço do Bitcoin
Em 2014, havia muito poucas outras criptomoedas.
O Ethereum, por exemplo, não existia, e mesmo o USDT ainda estava apenas dando os primeiros passos. Entre as dez principais criptomoedas por capitalização de mercado, em julho de 2014, além do Bitcoin, havia apenas XRP (Ripple) e Dogecoin.
Entre os 20 primeiros, além desses três, estava apenas o Litecoin.
Isto explica porque é que não existem criptomoedas cujo preço tenha tido um desempenho melhor do que o Bitcoin nos últimos 10 anos, ou porque é que na verdade teve um desempenho pior, ou porque é que há dez anos elas simplesmente ainda não existiam.
No entanto, existem alguns activos nos mercados financeiros tradicionais que tiveram um desempenho ainda melhor desde Julho de 2014.
É o caso da Nvidia, cujo preço das ações no mercado passou de cerca de 0,5$ para mais de 125$, com incríveis +24.000%.
O discurso só muda se em vez de partir de julho de 2014, para calcular os ganhos em exatos dez anos, se partir de 2012, ou seja, antes de ocorrer o primeiro halving do Bitcoin.
Tomando como referência os preços de 31 de outubro de 2012, que é o fechamento do mês anterior ao primeiro halving e às eleições presidenciais dos EUA daquele ano, o Bitcoin até o momento registrou um ganho incrível de quase +650.000%, dado que valia cerca de US $ 10 naquela época.
A Nvidia, por exemplo, desde então “para” em +39.000%.
O declínio ao longo do tempo
Em relação aos ciclos do Bitcoin, é evidente que cada bolha individual gerou ganhos percentuais cada vez mais baixos.
O primeiro, em 2013, fez com que o preço do Bitcoin saltasse 50.000% desde os mínimos, seguido por uma queda de 86%.
A segunda, em 2017, provocou um salto de 12.000% dos mínimos, seguido de outra queda de 84%.
A terceira, em 2021, gerou uma alta de 2.000% em relação aos mínimos, e foi seguida por uma queda de 77%.
Vale destacar que mesmo esta última queda já foi totalmente recuperada, tanto que em março deste ano o preço atingiu seu novo máximo histórico.
Portanto, excluindo o primeiro touro, o ganho adquirido ao longo do tempo cai significativamente, embora ainda permaneça muito elevado.
Tomando como referência apenas os picos máximos, o de 2017 foi 1.500% superior ao de 2013, e o de 2021 foi 260% superior ao de 2017.
Para a Nvidia, por exemplo, o caminho tem sido diferente.
O primeiro forte crescimento, de 2.500%, ocorreu entre 2016 e 2017, quase simultaneamente à segunda bolha especulativa do Bitcoin.
A segunda, de 380%, ocorreu entre 2020 e 2021, quase simultaneamente à segunda bolha especulativa do Bitcoin.
No entanto, houve um terceiro, o mais sensacional em alguns aspectos, entre 2023 e 2024, que gerou um adicional de +260%, aparentemente na ausência de uma bolha especulativa.
Vale ressaltar que o preço do BTC está atualmente em linha com os máximos da bolha de 2021, enquanto o das ações da Nvidia está em +260% em relação aos máximos do mesmo período.