As crises económicas na Venezuela e na Argentina forçaram muitos cidadãos a recorrer à criptografia como salvador. Atormentados por uma inflação galopante e moedas locais instáveis, eles não têm escolha a não ser usar a criptografia para manter suas economias e até mesmo realizar transações diárias.

Chainalysis relata que a América Latina tem a sétima maior criptoeconomia do mundo, à frente apenas da África Subsaariana. Apesar de ter uma economia bem menor do que outras regiões, a adoção é inerentemente mais forte. 

Fonte: Chainalysis

Brasil, Argentina e México estão entre os 20 primeiros do Índice Global de Adoção de Criptomoedas. A Argentina tem lutado contra uma grave desvalorização cambial há mais de três anos. O presidente Javier Milei já disse que está interessado em usar criptografia para salvar a economia.

A revolução criptográfica da Venezuela

O desastre económico da Venezuela sob o governo de Nicolás Maduro desencadeou uma hiperinflação insana e o colapso total do Bolívar. De acordo com a Chainalysis, 92,5% de toda a atividade criptográfica venezuelana acontece em bolsas centralizadas.

O líder da oposição venezuelana, Leopoldo López, compartilhou como a criptografia ajudou muitos venezuelanos a preservar suas economias. Ele afirmou que a Venezuela experimentou uma das piores taxas de hiperinflação de todos os tempos, ultrapassando 1 milhão por cento. 

Fonte: Chainlysis

As stablecoins têm sido uma proteção contra essa desvalorização. López acredita que a criptografia ajuda muito nas remessas. Entretanto, cerca de 25% da população deixou o país desde 2020.

Ainda. O governo interino usou criptografia para ajudar médicos e enfermeiras durante a pandemia. A criptomoeda foi a melhor opção devido ao controle de Maduro sobre o sistema bancário. Os profissionais médicos ganhavam apenas US$ 3 a US$ 5 por mês.

A dependência criptográfica da Argentina

Quanto à Argentina, o país enfrenta desafios económicos há décadas. O peso caiu 51,6%. Mas a Argentina ainda liderava a América Latina em volume bruto de transações, com cerca de 85,4 mil milhões de dólares.

Fonte: Chainalysis

Tal como os venezuelanos, os chineses descobriram que os argentinos também utilizam stablecoins para proteger as suas poupanças da desvalorização. Os cidadãos muitas vezes convertem seus contracheques em USDT ou USDC para manter seu poder de compra.

À medida que o peso perdia valor, as compras de criptomoedas aumentaram, disparando quando a inflação ultrapassou os 100% pela primeira vez em três décadas.

Brasileiros e mexicanos juntam-se à festa

Brasileiros e mexicanos também têm se envolvido fortemente com a criptografia. Chainalysis relata que o Brasil tem um grande amor pelas finanças descentralizadas. Infelizmente, as grandes transferências de dimensão institucional diminuíram. Isso afetou um pouco a atividade criptográfica geral.

Fonte: Chainalysis

Mas o volume de transações profissionais e de varejo no Brasil permaneceu estável. A Chinalysis diz que a “classe média” de comerciantes de criptografia de alto valor e usuários básicos de varejo ainda estão negociando e investindo.

Ainda assim, no entanto. A demanda por stablecoins no Brasil é menor em comparação com Argentina e Venezuela.

Os dados mostram que os brasileiros preferem Bitcoin e altcoins para investimentos de longo prazo e até mesmo para negociações. Mas argentinos e venezuelanos preferem fortemente stablecoins devido à desvalorização cambial.

Fonte: Chainalysis

O México também adotou remessas baseadas em criptografia. O país recebe anualmente cerca de 61 mil milhões de dólares em remessas, principalmente dos Estados Unidos. 

Daniel Vogel, CEO da exchange mexicana Bitso, afirma que sua empresa registrou US$ 3,3 bilhões em remessas de criptomoedas dos EUA para o México em 2022. Isso representa 5,4% do mercado total.

Reportagem de Jai Hamid