À medida que o ciclo político nos EUA se renova, muitos olhares dentro do mercado cripto voltam a se fixar em janeiro de 2025, data em que o presidente eleito — no caso, Donald Trump — deve tomar posse no dia 20.
Há quem acredite que esse acontecimento poderá impulsionar o preço do
Bitcoin, enquanto outros analistas projetam uma trajetória oposta, apontando para um tombo perto do evento. Afinal, o quanto de política influencia de fato o desempenho do BTC?
Este artigo reúne diferentes perspectivas sobre como o mercado pode reagir nos dias próximos à inauguração. Embora previsões sobre Bitcoin sejam sempre incertas, algumas pistas — desde histórico de ciclos eleitorais até a postura de governos em relação às criptomoedas — podem servir de guia para entender o que vem por aí.
Por que a posse de um presidente afeta o mercado cripto?
No mundo financeiro, políticas públicas e discurso presidencial têm grande peso sobre os ativos. Isso se agrava no caso das criptomoedas, que ainda não possuem uma regulação uniforme e, portanto, dependem bastante de sinais de tolerância ou repressão vindos do Poder Executivo.
Quando o presidente americano sinaliza apoio à inovação tecnológica ou sugere maior liberdade de mercado, parte do mercado vê isso como positivo — inclusive para o Bitcoin.
No caso de Trump, em 2017 ele não demonstrou grande afinidade com a ideia das criptomoedas, mas também não impôs barreiras severas. Em seu novo mandato, as expectativas são mistas: enquanto alguns esperam que ele mantenha uma postura mais liberal nos mercados de capitais, há quem tema que políticas protecionistas possam encarecer transações internacionais ou criar tensões comerciais que, por tabela, afetem o preço do BTC.
Possibilidade 1: Um Rali de Preços (To The Moon)
Alguns analistas apontam que, historicamente, a tomada de posse de um
presidente nos EUA coincide com um período de otimismo geral no mercado financeiro, embora esse otimismo possa ser de curta duração. Caso isso ocorra, poderíamos ver também um reflexo positivo no Bitcoin.
Clima de “esperança” pós-eleição: Eleições frequentemente geram incerteza; uma vez definido o cenário, muitos investidores ficam mais confiantes em assumir riscos. Se o governo eleito se mostrar amigável à inovação, parte desse capital pode migrar para criptoativos.Narrativa de “golpe de mestre”: Há especulações de que Trump, como ex-empresário, poderia adotar uma abordagem mais flexível à regulação cripto, atraindo exchanges e fundos para o território americano. Isso, por sua vez, elevaria a demanda e impulsionaria o preço do BTC.Possível redução de tensões geopolíticas: Se a nova administração optar por acordos comerciais mais suaves ou pacificar conflitos, a melhora do ambiente macroeconômico pode encorajar a tomada de risco em ativos “alternativos”, incluindo criptos.
Porém, quem alimenta esse otimismo alerta que a volatilidade intrínseca do Bitcoin pode superdimensionar qualquer movimento de alta. Uma onda de empolgação pode levar o BTC a níveis expressivos em poucas semanas, mas é preciso moderação para não cair em euforia exagerada.
Possibilidade 2: Uma Queda Acentuada
Nem todos estão tão confiantes de que a inauguração gerará boas novas para o BTC. Há quem acredite que, na prática, o Bitcoin poderia sofrer um golpe no curto prazo, pelos seguintes motivos:
Declarações contraditórias sobre criptos: Trump tem um histórico de falas ambíguas, e uma atitude hostil contra o Bitcoin ou stablecoins poderia provocar vendas em massa de investidores temerosos. Qualquer menção a restrições ou taxações pode ter efeito negativo imediato no preço.Regulação mais pesada: Se a nova equipe governamental decidir intensificar o controle sobre exchanges, impondo taxas ou limitações de saques, o clima pode ficar pessimista. Isso costuma levar a baixas repentinas no mercado cripto.Movimento clássico de “compre o rumor, venda a notícia”: Alguns traders argumentam que o mercado já precificou um suposto apoio ao Bitcoin, então, quando o evento chega, ocorre uma realização de lucro, derrubando as cotações.
Outro fator que pesa: parte do mercado vê 2025 como um ano de pós-halving do Bitcoin (ocorrido em 2024), e há grandes expectativas de alta devido a essa dinâmica de oferta reduzida. Entretanto, uma instabilidade política pode anular (ao menos temporariamente) essa euforia minerando.
Percepção do Mercado: Otimismo ou cautela?
Se olharmos para dados históricos de 2017 e 2021, momentos de transição presidencial nos EUA coincidiam com aumento na volatilidade do Bitcoin, mas não necessariamente com altas confirmadas. Note no gráfico abaixo como em 2021 (posse Biden) e 2025 (posse Trump) o preço do Bitcoin subiu forte no período anterior à passagem do cargo para o novo eleito.
O cripto tende a se mover com base em múltiplas variáveis — desde a adoção institucional e a saúde do mercado de derivativos, até a regulação de stablecoins e a forma como grandes fundos reagem a anúncios governamentais.
Analistas mais moderados dizem que, independentemente de quem ocupe a Casa Branca, o Bitcoin cada vez mais segue uma dinâmica própria, ancorada em ciclos de
halving e na adoção de empresas e investidores. Contudo, o ambiente macroeconômico e a política monetária (juros, estímulos econômicos) podem amplificar ou amenizar seus movimentos.
Há razões para acreditar em grandes flutuações?
Sim, por dois motivos principais. Primeiro, as criptomoedas — sobretudo o Bitcoin — ainda são vistas como uma categoria de alto risco. Notícias políticas podem agir como gatilho para compras ou vendas intensas. Segundo, o próprio Trump é uma figura controversa, capaz de tomar posições inesperadas ou publicar tweets (ou posts em outras redes) que inflamam o mercado.
É possível que, nos dias próximos à cerimônia de posse em 20 de janeiro, a cotação do BTC apresente picos de volatilidade. Os mais cautelosos podem escolher reduzir exposição, enquanto os otimistas enxergarão a chance de comprar na baixa ou surfar uma disparada de preço.
Como se preparar para o cenário de 2025
Para quem segue de perto o BTC:
Mantenha um olho nas regulações: Se o governo sinalizar regras rígidas, prepare-se para possíveis quedas.Analise o sentimento do mercado: Ferramentas de monitoramento de redes sociais e índice de medo e ganância ajudam a medir se a tendência é de euforia ou pânico.Diversifique: Mesmo que ache o Bitcoin promissor, combine-o com outras criptos ou stablecoins, reduzindo a exposição a um único evento.Use stop-loss ou ordens de segurança: Se você é trader, valem táticas de gestão de risco para evitar prejuízos grandes em movimentos bruscos.
Com Trump prestes a reassumir o cargo, a comunidade cripto fica em estado de alerta. De um lado, há quem festeje a possibilidade de um governo mais “pró-negócios”. Do outro, muitos lembram que a retórica anti-cripto já apareceu em discursos republicanos no passado.
Para o investidor, a melhor postura é acompanhar de perto, reavaliar suas posições e, se possível, tirar proveito da volatilidade — seja comprando em momentos de baixa ou vendendo no pico do otimismo.
O Bitcoin, afinal, continua a surpreender em todos os cenários políticos.
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