A ciência por trás dos equívocos sobre criptomoedas: viés do status quo e efeito de posse

2024-12-12

Principais tópicos do post:

  • O viés do status quo e o efeito de posse são equívocos sistemáticos no pensamento humano que podem levar à resistência a mudanças, especialmente quando combinados, muitas vezes resultando em oportunidades perdidas.

  • Esses vieses podem nos pressionar para manter escolhas familiares, mesmo que sejam menos eficazes ou desatualizadas.

  • Compreender e desafiar esses vieses ajuda a abrir portas para novas possibilidades, especialmente no campo crescente das finanças digitais.

Já se perguntou por que optamos pelas escolhas que parecem familiares, mesmo quando escolhas melhores estão disponíveis? Damos as boas-vindas a outro capítulo da nossa série, A ciência por trás dos equívocos das criptomoedas, onde exploramos como vieses inerentes ao pensamento humano podem moldar nossas decisões, às vezes levando a resultados abaixo do ideal. Neste blog, examinaremos como o viés do status quo e o efeito de posse podem se unir para fortalecer nossa aversão às mudanças. Quer esteja seguindo rotas familiares ou hesitando em conhecer os ativos digitais, esses vieses revelam por que deixar o conhecido pode ser tão desafiador. No entanto, a consciência e a compreensão podem levar a melhores escolhas e resultados.

A ciência por trás da nossa teimosia: uma barreira dupla para mudança

O viés do status quo refere-se à preferência pelo familiar, o que faz com que as pessoas mantenham o que já têm em vez de experimentar algo novo. Psicólogos acreditam que esse viés vem de um desejo profundo de segurança e previsibilidade — quando algo parece familiar, muitas vezes parece "mais seguro".

Considere uma pessoa que faz o mesmo caminho para trabalhar todos os dias. Mesmo sabendo de um novo atalho que pode economizar alguns minutos da sua jornada, ela pode evitá-lo porque já está acostumada com sua rota atual. Como conhece bem o caminho, ela pode continuar nele mesmo que leve mais tempo. 

Enquanto isso, o efeito de posse, um fenômeno bastante semelhante, faz com que as pessoas supervalorizem as coisas simplesmente porque as possuem ou investem nelas de qualquer forma, independentemente do valor objetivo do item. Esse efeito se torna ainda mais forte quando tempo ou recursos significativos são investidos, tornando mais difícil se desfazer do objeto ou situação em questão, mesmo quando um substituto seria mais prático.

Imagine uma pessoa que possui um carro velho que requer reparos frequentes e caros. Cada reparo fortalece seu apego, pois sentem que o tempo e o dinheiro gasto aumentam o valor do carro. O tempo, esforço e dinheiro que eles investiram para manter o carro funcionando faz com que pareça mais vantajoso mantê-lo, embora, do ponto de vista financeiro, seja um investimento ruim. O valor de mercado do carro continua caindo e com o tempo os reparos frequentes custam mais caro do que investir em um modelo mais novo e confiável. Esse ciclo contínuo torna mais difícil para o proprietário reconhecer que manter o carro não é realmente econômico.

Juntos, o viés do status quo e o efeito de posse podem criar uma grande resistência à mudança. A familiaridade do status quo proporciona conforto, enquanto o efeito de posse inflaciona o valor percebido das escolhas passadas.

O dinheiro é o que manda?

A crença de que "o dinheiro é o que manda" muitas vezes decorre da influência combinada do efeito de posse e do viés do status quo, o que faz com que as pessoas pensem que o dinheiro físico é a opção mais segura. Para aqueles que confiaram no dinheiro ao longo de suas vidas, a familiaridade da moeda física eleva sua confiabilidade percebida. Esse apego não tem nenhuma vantagem objetiva, em vez disso, o efeito de posse amplifica o valor do dinheiro simplesmente porque é um ativo conhecido e confiável.

O viés do status quo pode aprofundar ainda mais essas atitudes e comportamentos, fazendo com que as opções mais novas de pagamento digitais, como transações com QR code e transferências bancárias instantâneas, pareçam desnecessariamente arriscadas ou complexas. Embora o dinheiro tenha sido o padrão por muito tempo, muitos países estão adotando os pagamentos digitais de forma tão completa que se apegar ao dinheiro tornou-se inconveniente e impraticável. Na Suécia, por exemplo, a maioria dos estabelecimentos não aceita mais dinheiro, a menos que seja o valor exato. A China teve uma mudança semelhante, com os pagamentos com QR code como padrão para tudo, desde supermercados até pequenas barracas de rua, onde as transações em dinheiro estão se tornando cada vez mais raras.

Essa crença de que "o dinheiro é o que manda", embora ainda viável em algumas regiões centradas em dinheiro, pode dificultar para as pessoas entenderem a conveniência que os pagamentos digitais proporcionam, como facilidade de uso e recursos de segurança aprimorados. O viés do status quo e o efeito de posse mantêm as pessoas apegadas ao dinheiro, mesmo quando é impraticável, fazendo-as ignorar as desvantagens. À medida que mais economias adotam sistemas de dinheiro totalmente digitais, esse apego ao dinheiro pode levar a não utilização de benefícios e maiores inconvenientes. Portanto, reconhecer esses vieses pode ajudar as pessoas a se adaptar melhor aos sistemas financeiros em evolução e adotar opções de pagamento mais eficientes e modernas.

"As criptomoedas jamais serão uma infraestrutura financeira de verdade"

Da mesma forma, o viés do status quo influencia fortemente a forma como as pessoas veem os sistemas financeiros em geral. Instituições tradicionais, como bancos e serviços de crédito, têm raízes profundas na sociedade, fazendo com que se sintam naturalmente confiáveis e difíceis de substituir. Somando-se a isso, o efeito de posse leva as pessoas a valorizar esses sistemas familiares ainda mais, só porque confiaram neles por muito tempo. E o resultado é que muitos veem as alternativas mais novas, como as criptomoedas, com ceticismo, descartando-as por serem experimentais demais para serem viáveis.

Além disso, o apego aos sistemas financeiros tradicionais dificulta o reconhecimento dos benefícios das criptomoedas. Juntos, esses dois vieses reforçam a visão de que as criptomoedas nunca serão uma infraestrutura financeira "verdadeira". Ao contrário dessa crença, as criptomoedas podem oferecer vantagens importantes que as posicionam como uma infraestrutura financeira viável, incluindo velocidades de transação mais rápidas, controle descentralizado e maior acesso para indivíduos excluídos dos serviços bancários tradicionais.

Uma aplicação promissora da criptomoeda é fornecer serviços financeiros para os que não possuem contas bancárias. Em regiões onde os sistemas bancários tradicionais são inacessíveis, caros ou ineficazes, a criptomoeda pode ser uma alternativa revolucionária, criando mudanças importantes que as finanças tradicionais não foram capazes de alcançar. 

Ao fornecer serviços seguros e acessíveis, a criptomoeda se tornou uma ferramenta vital para a resiliência econômica onde o sistema financeiro padrão é insuficiente.

"As criptomoedas não são ativos reais e não têm valor como os ativos tradicionais"

Para muitas pessoas, existe a crença de que as criptomoedas não são ativos "reais" e, portanto, a falta de valor pode ser reforçada tanto pelo viés do status quo quanto pelo efeito de posse. As pessoas sentem que os bancos e serviços de crédito tradicionais são familiares e profundamente enraizados, fazendo com que pareçam inquestionavelmente confiáveis, enquanto opções mais novas como as criptomoedas parecem arriscadas e experimentais em comparação. Somando-se a isso, o efeito de posse leva as pessoas a valorizar esses sistemas familiares ainda mais, só porque confiaram neles por muito tempo. No entanto, o valor é subjetivo. Só porque os ativos tradicionais parecem seguros, não significa que eles são inerentemente superiores.

No entanto, se os ativos tradicionais são realmente incomparáveis, por que tantos jovens adotam a criptomoeda como uma alternativa viável? Dados recentes revelaram que os proprietários de criptomoedas tendem a ser mais jovens, com 34% na faixa de 25 a 34 anos e 20% entre 18 e 24 anos, muitas vezes atraídos pelos ativos digitais por seu recurso inovador e benefícios financeiros distintos. Embora as gerações mais velhas possam ver os bancos e investimentos tradicionais como naturalmente confiáveis porque não existia outra alternativa até recentemente, a probabilidade dos mais jovens compartilharem essa mentalidade é menor. Com um tempo menor de participação nos sistemas financeiros convencionais, eles são naturalmente menos apegados aos ativos tradicionais, como ações ou títulos, e mais abertos a opções mais novas. O viés do status quo, que leva as pessoas a optar pelo que é familiar, não impacta tanto aqui, pois esses investidores mais jovens não tiveram tempo de se tornar tão profundamente apegados às práticas financeiras estabelecidas. Da mesma forma, o efeito de posse — em que as pessoas supervalorizam o que já possuem, tende a desempenhar um papel menor, já que os investidores mais jovens não acumularam riqueza significativa em ativos tradicionais. 

Como resultado, os mais jovens estão em uma posição melhor para enxergar as criptomoedas com novos olhos, percebendo seus benefícios potenciais sem o mesmo apego aos sistemas tradicionais. Esse amplo interesse entre os usuários mais jovens e experientes em tecnologia sinaliza uma mudança: o valor das criptomoedas como uma classe moderna de ativos está ganhando espaço, principalmente para aqueles dispostos a olhar além dos sistemas tradicionais.

Considerações finais

O viés do status quo e o efeito de posse podem ter uma grande influência na forma como percebemos o valor, nos direcionando para o que é familiar enquanto nos impede de tentar alternativas potencialmente gratificantes. Em finanças, esses vieses reforçam o apego aos ativos tradicionais, às vezes fazendo com que opções mais novas, como ativos digitais, pareçam excessivamente arriscados ou experimentais. No entanto, como vimos, adotar tecnologias emergentes como as criptomoedas pode oferecer vantagens financeiras que os sistemas tradicionais podem ignorar.

Embora as mudanças possam ser intimidadoras, entender esses vieses nos ajuda a navegar em um cenário financeiro em rápida evolução com uma perspectiva mais equilibrada. É aí que entram recursos como a Binance Academy, que ajuda a combater essas armadilhas mentais com informações de qualidade. Achou esse blog útil? Fique de olho no próximo artigo da nossa série A ciência por trás dos equívocos sobre criptomoedas!

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