A rede nativa da criptomoeda mais antiga do mundo está tomando novos rumos e divide opiniões.

Quem acompanha a trajetória do ativo digital desde o início tem se surpreendido com a expansão do ecossistema do bitcoin.

Alguns puristas, mais conhecidos como maximalistas, não se mostram muito contentes com as transformações. Outros entusiastas já veem nelas uma evolução capaz de manter e reforçar a relevância do bitcoin no futuro.

Estamos vivendo uma espécie de primavera cripto. É o prenúncio de um verão que terá como um de seus grandes catalisadores o Halving do bitcoin. A primeira edição do evento completou 11 anos esta semana, sua estreia se deu em 28 de novembro de 2012. Estamos em contagem regressiva para o quarto halving.

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É certo que na próxima bull run o evento quadrienal dividirá as atenções com novos projetos que vêm se multiplicando na rede. E o horizonte desses projetos sendo construídos em cima do bitcoin vai além da tradicional funcionalidade de pagamentos.

Já podemos ver aplicativos de finanças descentralizadas (DeFi), tokens não fungíveis (NFTs) e, assim como acontece na rede Ethereum, um movimento de crescimento das soluções de camada 2 ou Layer-2, categoria que tem a bem-sucedida Lighting Network como pioneira no bitcoin.

Se essa expansão se estabelecer como uma tendência, o ecossistema do bitcoin pode seguir a trilha de redes de camada 1 como a Ethereum. No entanto, existem aspectos que podem fazer a diferença nessa trajetória, principalmente porque o bitcoin não foi concebido desde a sua gênese para abrigar aplicações de propósito geral. Os desenvolvedores terão de “quebrar muita pedra” no aprimoramento da experiência do usuário.

Os esforços para tornar o blockchain do bitcoin escalável e gerar novos casos de uso parecem novos, mas não são. Em 2012, as Colored Coins já trabalhavam com a ideia de ativos não fungíveis, anos antes de o primeiro NFT ser criado na Ethereum. Em 2018, novas movimentações no ecossistema chamavam a atenção, como a primeira implementação mainnet da Lightning Network.

A atual onda foi despertada pela criação dos chamados Artefatos Digitais ou NFTs do bitcoin, a partir do protocolo Ordinals. O protocolo Ordinals permite incorporar (inscrever) dados adicionais aos satoshis como imagens e vídeos diretamente no blockchain do bitcoin.

Desde o lançamento do protocolo, no início de 2023, os NFTs do bitcoin alavancaram as negociações na criptoesfera e o número de inscrições de Ordinals na rede ultrapassa 45 milhões no momento em que escrevo esta coluna, de acordo com levantamento da Dune Analytics.

Esse armazenamento direto no blockchain é um grande “plus” na comparação com o modus operandi dos NFTs em geral. Em grande parte das coleções, o arquivo da imagem da arte é depositado off-chain e o que se tem de fato é um link para o arquivo. Isso pode ser um problema para seus detentores, uma vez que há risco de alteração ou de simplesmente sumir por não estar armazenado no blockchain.