2024 tem sido um ano e tanto para o universo cripto: além do avanço considerável nas cotações dos maiores projetos e do valor de mercado da classe de ativos como um todo, também vimos virar realidade uma série de ETFs em Bitcoin, Ethereum e Solana (este no Brasil), sem contar a discussão de outras possibilidades também.

Ainda assim, existe um grande evento, em 2024, que pode influenciar no avanço. 

Esse evento é a eleição presidencial dos EUA, que está programada para acontecer no início de novembro deste ano.

Por que o cenário eleitoral americano importa?

Os EUA são, ao mesmo tempo, a maior economia do planeta e o mercado financeiro mais relevante que existe. Mudanças que venham a ocorrer na terra do Tio Sam acabam impactando o resto do mundo de maneira mais relevante do que quando acontecem em mercados menores.

Neste ano, em especial, o assunto criptomoedas está sendo muito discutido e vale ficar de olho nos planos específicos dos dois candidatos porque, ainda que você não tenha visto, ambos já se posicionaram sobre o tema.

Propostas de Trump para o universo cripto

O candidato Donald Trump, em sua campanha que busca um segundo mandato na Casa Branca, tem se aproximado bastante do universo cripto em seus discursos. Para se ter uma ideia, até mesmo aceitar doação de campanha em criptoativos o candidato já aceita e, recentemente, participou da conferência Bitcoin 2024.

São basicamente dois os envolvimentos diretos que são ligados à campanha: em primeiro lugar, um projeto em DeFi que está para ser anunciado e já conta com um canal de Telegram que fala sobre essas informações e, em segundo, impactando de maneira mais ampla a economia americana (e global), existe o plano de que os EUA passem a contar com uma reserva estratégica de Bitcoins.

Enquanto o primeiro plano diz muito sobre alguma iniciativa mais pessoal e familiar, o segundo aspecto é mais abrangente, porque pode significar uma mudança de patamar em como o Bitcoin é encarado globalmente. A ideia central desse plano é que o governo americano passe a ter sob sua custódia não apenas reservas de petróleo e ouro, mas também de Bitcoin, na linha do que foi feito pelo governo de El Salvador.

Outro ponto mencionado por Trump e ainda com conexão ao segundo plano é que, de alguma forma, uma reserva estratégica em Bitcoin poderia equalizar a dívida pública americana - que tem aumentado de maneira substancial nos últimos anos e recentemente superou US$35 trilhões.

Os planos de Harris para o universo cripto

A aproximação da campanha de Kamala Harris com o universo cripto é mais recente e um pouco mais tímida: acontece basicamente com atuação parlamentar de um lado e apoiadores não relacionados diretamente à sua campanha de outro.

O primeiro desses dois lados tem relação direta com os planos que já foram colocados em prática pelo governo Biden, em termos de regulamentar as ações tomadas dentro do mercado cripto. Essa atuação pode ser encarada como tímida porque, no fim das contas, seria apenas a continuidade do que já vem sendo observado e, além disso, contará com articuladores que já se posicionaram de maneira razoavelmente cética em relação a este mercado. Uma dessas figuras é Brian Nelson, subprocurador que era responsável pela área de inteligência financeira e supervisão do financiamento ao terrorismo do Tesouro Americano, que mostra seu receio em relação às criptomoedas serem um "problema potencial de lavagem de dinheiro".

Mesmo diante desse cenário, alguns empreendedores do universo cripto têm se aproximado da campanha de Harris: em uma iniciativa conhecida como Crypto4Harris, que conta com pessoas como o bilionário Mark Cuban e o financista de Wall Street Anthony Scaramucci, discussões têm sido realizadas com a campanha da candidata buscando extrair dela os planos para regulação do setor - e sugerindo ideias nesse campo.

Além disso, a campanha de Harris também tem se reunido com empresas relevantes do universo cripto. E, como outro ponto relevante, temos o fato de um assessor da campanha ter dito com todas as letras: se eleita, Kamala irá apoiar políticas públicas que apoiem o desenvolvimento e crescimento de novas tecnologias como a indústria cripto. 

Avanços regulatórios devem prosseguir

Vale destacar que, independentemente de quem vencer as eleições presidenciais dos EUA em 2024, o avanço regulatório no mercado de criptoativos deve continuar. 

Já testemunhamos a aprovação de ETFs de Bitcoin, e a tendência é que novos produtos desse tipo sejam lançados, ampliando o acesso dos investidores institucionais. 

Além disso, grandes players do mercado tradicional estão cada vez mais integrando criptoativos em suas estratégias, o que reforça a tendência de um aumento na adoção e regulamentação no setor. 

Portanto, mesmo com um cenário político incerto, a expectativa é de que o mercado cripto continue ganhando força e legitimidade através de novos avanços regulatórios e adesão de instituições tradicionais​

A que conclusões podemos chegar disso tudo?

Enquanto Trump apresenta uma iniciativa mais direta, embora pouco explicitada em termos legais, Harris faz uma aproximação do universo cripto de forma um pouco mais ligada aos caminhos regulatórios, sugerindo que dará continuidade ao que é discutido no atual governo Biden. 

As ações propostas por Trump (principalmente a dos EUA terem uma reserva estratégica em Bitcoins) parecem trazer mais efeito de curto prazo do que as de Harris (de seguir com a regulação do mercado). Em todo caso, é na implementação dessas ações que veremos os resultados práticos, não nos discursos (independentemente de quão empolgados eles sejam).

Para além de todas essas possibilidades trazidas por ambos, temos uma mensagem muito importante: a maior economia do planeta tem dado demonstrações de que a indústria cripto está na agenda. Em outras campanhas eleitorais americanas esse tema nem era cogitado para entrar na pauta de discussões.

Outro ponto bastante interessante (e inédito) está no fato de que as doações não-partidárias para candidatos que sejam pró-cripto alcançaram em 2024 o montante de US$119 milhões e, neste ano, a participação de doações pró-cripto representa quase a metade de todas as doações realizadas até o momento - 48% dos US$248 milhões doados para campanhas neste ano vieram justamente dessas pessoas e empresas, segundo o site PublicCitizen.

Seja por meio da regulação de Harris, pela reserva estratégica de Trump ou até mesmo pelas doações não-partidárias que buscam eleger candidatos pró-cripto, uma coisa temos certeza antes mesmo das eleições americanas acontecerem em 2024: o universo cripto entrou no campo de discussões para não sair mais.

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