A discussão sobre censura, controle e propriedade nas redes sociais tem ganhado força, e a descentralização surge principalmente como uma solução poderosa para criadores de conteúdo. Assim surgiram plataformas que prometem – e cumprem – devolver aos criadores a verdadeira propriedade sobre seus conteúdos.
O BeInCrypto Brasil entrevistou Julian Chandra, fundador da rede social descentralizada Odysee para entender a aplicação prática da web3 no dia a dia dos usuários.
Dados na blockchain
Imagine que uma pessoa com limitações financeiras precisa de um carro. Com o pouco dinheiro que essa pessoa tem, ela compra um Chevette 1978. O carro serve para o propósito daquela pessoa, que é ir de ponto A para B todos os dias. Um belo dia, chega um guarda de trânsito, para o dono do carro e afirma que aquele carro solta muitos poluentes, portanto ele não pode estar na rua.
O guarda põe uma trava na roda do carro, e minutos depois um guincho o leva embora. O pobre proprietário do carro, simplesmente…deixou de ser proprietário do carro. Seu carro fica com o dono da rua. No caso, o estado. É com essa questão em mente que Julian Chandra fundou a Odyssee em 2020.
A descentralização permite que os criadores controlem verdadeiramente o que publicam, sem temer censura repentina ou perda de conteúdo. Acreditamos que os criadores merecem uma plataforma onde possam expressar livremente suas ideias e saber que seu conteúdo é, em sua essência, deles — permanentemente e sem condições, afirma Chandra.
A plataforma utiliza blockchain para armazenar permanentemente todo conteúdo compartilhado. Diferente de plataformas centralizadas como YouTube e Instagram, onde os dados dos usuários estão sujeitos à censura e remoção, a Odysee garante que os arquivos sejam imutáveis e estejam sempre acessíveis.
Total propriedade sobre conteúdo é pilar crucial
A Odysee, que não se limita a vídeos, permite o upload de mídias variadas, como imagens, artigos, PDFs e áudios. Tudo é armazenado na blockchain, reforçando o conceito de propriedade digital. Isso entrega ao criador total propriedade sobre seu conteúdo, além de permitir que o conteúdo seja, de fato, imortal e eterno.
Portanto, o uso de blockchain, por si só, já impossibilita que uma plataforma tenha propriedade total sobre os arquivos compartilhados pelos usuários.
Banir um vídeo com fins criminais, ou uma informação mentirosa que difama outras pessoas ou instituições, é, de fato, uma responsabilidade. Mas se tudo que criadores de conteúdo produzem pode ser tomado deles em um piscar de olhos, quem de fato é dono do conteúdo?, questiona um usuário da Odysse.
Por que a descentralização importa?
Em plataformas tradicionais, os criadores não possuem controle real sobre seus conteúdos. Um post pode ser removido, uma conta suspensa e, em alguns casos, memórias valiosas podem desaparecer com a plataforma, como é o caso do Orkut.
No modelo descentralizado, os criadores detêm as chaves do que publicam, eliminando o risco de censura arbitrária ou perda de arquivos. Além disso, outra plataforma conhecida dos usuários de cripto e entusiastas de Web3 é o Mirror. A rede é feita para publicações em que só se entra ao conectar uma wallet. Isso faz, por exemplo, com que o usuário tenha automaticamente todo o seu conteúdo linkado à blockchain – gerando segurança e eternabilidade.
Esse modelo também protege informações críticas, como demonstrado pela Odysee em investigações recentes envolvendo o Nubank. Documentos que levantaram dúvidas sobre o embasamento blockchain na NuCoin foram preservados na plataforma, frustrando possíveis tentativas de censura e reafirmando, assim, o papel da descentralização na liberdade de informação.
Além disso, a tecnologia de blockchain da Arweave complementa a visão de plataformas como a Odysee, oferecendo armazenamento permanente e imutável por meio da Permaweb. Nesse sistema, o conteúdo é protegido contra manipulações ou exclusões, garantindo sua preservação a longo prazo.
Blockchain garante futuro mais seguro e livre
Para Chandra, enquanto redes sociais tradicionais continuam a centralizar e controlar os dados dos usuários, as plataformas descentralizadas estão redefinindo o jogo. Além de garantir a permanência e a segurança dos conteúdos, elas promovem uma relação mais justa entre criadores e tecnologia.
Com a chegada de redes sociais baseadas em blockchain, a era do verdadeiro controle sobre o conteúdo já começou, colocando, sobretudo, os criadores no centro das decisões e promovendo um ambiente mais transparente e democrático, acredita o fundador da Odysee.
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